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“Neste trabalho não há dois dias iguais”
Carlos Brito é um rosto conhecido na Póvoa de Santa Iria que todos os dias faz o melhor pela cidade

“Neste trabalho não há dois dias iguais”

Carlos Brito é encarregado-geral da Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. Nasceu há 51 anos perto da estrada nacional que cruza a Póvoa de Santa Iria e nunca teve vergonha de dizer que boa parte da sua infância foi passada na barraca em que viviam os avós.

Gostar do que se faz diariamente e acreditar em si próprio é meio caminho andado para o sucesso. A convicção é de Carlos Brito, encarregado-geral da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa. Carlos tem 51 anos e é um filho da terra que nasceu num tempo em que os prédios que hoje são a imagem de marca da cidade ainda não existiam. Nasceu mesmo ao lado da Estrada Nacional 10, que cruza a cidade, e boa parte da sua infância foi passada na barraca em que os avós viviam.
“Eles viverem numa barraca nunca foi uma vergonha para mim. Há valores que mesmo as pessoas com poucas posses têm. Inicialmente havia uma certa aversão às pessoas que viviam nas barracas. Mas não é por causa disso que a pessoa é melhor ou pior”, recorda a O MIRANTE.
A vida de Carlos, que é casado, tem dois filhos e hoje vive em Coruche, foi sempre uma vida de luta. Agora está numa posição em que tem de gerir os encarregados, armazém, oficina, carpintaria e os dois cemitérios da freguesia. “É um bocadinho trabalhoso e tenho de coordenar perto de meia centena de pessoas”, conta, afiançando que adora o seu trabalho e que todos os dias chega de manhã com a vontade de dar o seu o melhor. “Não trabalho por obrigação mas mesmo por gosto. Sinto falta desta adrenalina se não vier trabalhar. Já sei os problemas que ficam por resolver de um dia para o outro mas fico sempre curioso para saber quais serão os problemas que vão aparecer. Não há dois dias iguais”, explica.

“Ninguém nasce ensinado”
O seu primeiro emprego foi numa obra que se realizava numa escola primária, quando era miúdo. Aos 16 anos entrou num programa de ocupação de tempos livres da junta de freguesia e aos 18 conseguiu um contrato na junta para estar afecto às zonas verdes, mondando ervas daninhas e limpando folhas. Mais tarde entrou na oficina de serralharia da junta para preencher uma vaga de ajudante. “Fiquei lá muitos anos e fui subindo na carreira. Houve uma altura em que me convidaram para ser coordenador do pessoal operário. Aceitei. Foi uma experiência desafiante”, recorda.
Carlos Brito lamenta que a serralharia seja um trabalho cada vez mais em vias de extinção, onde é difícil encontrar quem saiba trabalhar. “Cada vez mais se compra tudo feito. Quando fui para serralharia não sabia sequer o que era uma rectificadora. Mas fui progredindo e aprendendo. Sou uma pessoa muito curiosa, gosto de ver como se faz e gosto de saber aprender. A pessoa, se for suficientemente humilde, pergunta e não tem de ter receio de não saber. Ninguém nasce ensinado”, defende.
A dada altura saiu da junta para abraçar um desafio profissional além fronteiras numa sociedade internacional de montagens. Andou por França e Bélgica mas as saudades da família falaram mais alto. “Quando se vai para fora tem-se a ambição de ter dinheiro mas não tinha o mais importante na vida, que é a família. Tive de largar aquele projecto. O dinheiro não é tudo e quis regressar para casa”, conta. Regressou à junta de freguesia, começando tudo do zero na serralharia. Depois foi subindo novamente até ao cargo em que se encontra hoje.

“Defendo a boa relação entre pessoas”
Gosta de fazer o melhor que sabe e pode com os meios que tem disponíveis. “Peço sempre às pessoas que sejam sinceras, honestas e tentem trabalhar em equipa. Defendo a boa relação entre pessoas. É a partir daí que conseguimos o resto. Estou cá para ouvir as pessoas e gosto de ajudá-las sempre que precisam”, explica.
Admite que a união de freguesias veio colocar novos desafios, com o território abrangido a ser mais vasto. Diz que toda a equipa se empenha ao máximo mas lamenta que muitas vezes haja injustiça nas críticas que são dirigidas pela população. “Às vezes custa-me ver algumas críticas que nos fazem, porque estamos cá no sol, no frio, na chuva, todos os dias. Fazemos sempre o nosso melhor. Isto parece um trabalho fácil mas não é. Já tivemos alguns colaboradores que nos criticavam e quando aqui estiveram perceberam que não é nada fácil e pedem desculpa por isso”, conclui.

“Neste trabalho não há dois dias iguais”

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