Suspeitos de desfalque na Junta de Santiago de Montalegre em liberdade condicionada
Um ex-secretário da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre e um empresário são suspeitos dos crimes de peculato e falsificação que lesaram os cofres da autarquia em mais de 135 mil euros.
O ex-secretário da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, no concelho de Sardoal, e um empresário, detidos a 14 de Dezembro por suspeita dos crimes de peculato e falsificação, vão aguardar o desenrolar do inquérito em liberdade condicionada, divulgou a Polícia Judiciária (PJ). “Ao antigo secretário foi decretada a proibição de contacto com a presidente e a tesoureira, e de se aproximar da junta”, disse a mesma fonte.
O empresário, por sua vez, fica obrigado a “apresentações três vezes por semana às autoridades e proibição de ir à junta”, disse a fonte da PJ, relativamente às medidas de coacção decididas no dia 15 pelo juiz de instrução criminal. Os dois homens foram detidos por estarem “fortemente indiciados pelos crimes de peculato e de falsificação”, tendo lesado a Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre em valores na ordem dos 135 mil euros, anunciou ontem a Polícia Judiciária.
Em comunicado, a Polícia Judiciária (PJ), através do Departamento de Investigação Criminal de Leiria, revelou que a acção decorreu “no seguimento de denúncia recebida em Setembro passado”, efectuada pela presidente da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, e da “investigação entretanto desenvolvida”.
No dia 14 de Dezembro foram cumpridos os mandados de detenção emitidos pelo Ministério Público de Tomar aos dois homens, um dos quais o antigo secretário da junta de freguesia de Santiago de Montalegre e o outro “empresário na região”, existindo entre os dois uma “relação de amizade e profissional, o que permitiu o conluio para tirar dinheiro da junta que usaram em proveito dos negócios” de ambos.
“A factualidade relatada indicava a apropriação por um dos arguidos, entre 2017 a 2022, no exercício da função de secretário da junta, de valores ainda não cabalmente apurados, superiores a 135 mil euros”, adianta a PJ, na nota. Ainda segundo a PJ, o antigo autarca, “fazendo seu o dinheiro público, através de movimentos com cartão bancário, transferências ou por falsificação de cheques da junta, aplicava parte dos valores em benefício de outrem, pessoa das suas relações privilegiadas e coarguido, também detido”.
Em declarações à Lusa, a presidente da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre, Dora Santos, confirmou ter sido ela a fazer a participação da suspeita de desvio de dinheiro. “Sim, confirmo a presença da Polícia Judiciária nas instalações da junta de freguesia, no passado mês de Setembro, e fui eu a fazer nesse mês a participação da suspeita de desvios de dinheiro às autoridades”, disse a autarca, eleita pelo PSD.
Ainda segundo Dora Santos, o antigo secretário ainda “propôs devolver o dinheiro”, mas tal “nunca aconteceu”. Na assembleia de freguesia realizada em 3 de Outubro, onde se debateu a questão, foi votado favoravelmente o pedido de renúncia de mandato do secretário, que invocou “razões pessoais”, relatou.
Dora Santos acrescentou ainda que o antigo secretário terá garantido ao executivo da junta de freguesia que “iria devolver o dinheiro até ao dia 30 de Setembro, o que não aconteceu”, tendo sido “proposta, por ‘e-mail’, nova data de reposição do dinheiro”, até 7 de Outubro, “o que também não se verificou”.
Secretário da Junta de Freguesia de Santiago de Montalegre admite que investiu mais 100 mil euros da autarquia numa aplicação financeira. Presidente da junta confirma movimentos financeiros suspeitos. A Polícia Judiciária está no terreno para perceber se há crime.