Sociedade | 17-03-2023 09:21

António Campos despediu-se da Nersant alegando justa causa

António Campos despediu-se da Nersant alegando justa causa
Director executivo da Nersant despediu-se com justa causa e entregou em mão a chave do carro e do seu gabinete a Domingos Chambel

Director executivo da NERSANT bate com a porta alegando justa causa e entregou o carro e as chaves do seu gabinete no dia em que era suposto regressar de baixa médica. Domingos Chambel andava a boicotar o seu trabalho, mas achava que António Campos nunca ia sair sem ser indemnizado. António Campos saiu sem indemnização mas terá confessado a colegas e amigos que não aguentava mais e que o dinheiro não é tudo na vida.

O presidente executivo da Nersant, António Campos, pôs fim a quase 27 anos de ligação à Nersant com uma carta de despedimento alegando motivo de justa causa. A carta foi entregue ontem, 17 de Março, em mão, ao presidente da Nersant, Domingos Chambel, que terá ficado surpreendido. António Campos estava de volta ao trabalho depois de um período de cerca de três semanas de baixa médica, mas não chegou a recomeçar o seu trabalho. Os problemas de saúde que estiveram na origem da última baixa médica poderão ser parte das razões que terá invocado para sair da Nersant por justa causa. Domingos Chambel esvaziou o lugar e as competências de António Campos, e ao longo dos últimos tempos terá tratado o director executivo sem qualquer respeito pelo seu trabalho e pelo lugar que sempre desempenhou na associação empresarial.
António Campos tentou negociar a sua saída nestes últimos meses, mas a direcção não se entendeu. Domingos Chambel foi um dos principais elementos da direcção a desvalorizar o pedido de negociação de António Campos, convencido que a pretensão do director executivo era “fumo sem fogo”. Ontem, depois de entregar a carta de despedimento, António Campos deixou o carro de serviço na sede da associação e despediu-se de Domingos Chambel, quase ao mesmo tempo que escrevia uma missiva por e-mail a todos aqueles a quem quis agradecer “o apoio e colaboração recebida ao longo destes anos, que contribuiu para tornar esta associação como uma referência nacional”.
A direcção da Nersant está cada vez mais dividida, e é certo que a curto prazo as divergências vão acentuar-se. Domingos Chambel é uma invenção de José Eduardo Carvalho como dirigente associativo, mas “Chambel saiu pior que a encomenda, mostrando, agora que chegou ao poder, pouca inteligência nos relacionamentos e fraca capacidade para dirigir uma associação, embora seja considerado no meio um empresário com muito dinheiro”, dizem os que agora vigiam o seu trabalho fora da direcção e lhe negam qualquer aptidão para desempenhar um cargo associativo de topo.

Domingos Chambel só não escreveu a carta de despedimento de António Campos

Para Domingos Chambel, António Campos era apontado como o grande culpado da denominada má gestão dos últimos 10 anos da associação, uma vez que o actual presidente não consegue expressar por palavras, fora das quatro paredes da associação, as razões que tem contra a sua antecessora, Salomé Rafael, que lhe negou a possibilidade de se candidatar ao lugar quando pretendia. Na véspera de receber a carta de despedimento de António Campos, Domingos Chambel compareceu numa sessão da SEDES, em Santarém, que, para alguém mais distraído, fazia lembrar uma iniciativa da Nersant. No entanto, Domingos Chambel era só mais um dos cerca de 150 convidados, e José Eduardo Carvalho voltou a brilhar num discurso com a presença do Ministro da Economia, com Maria Salomé Rafael como organizadora do encontro.

Recorde-se que António Campos estava na Nersant desde julho de 1995, foi braço direito de José Eduardo Carvalho e Salomé Rafael enquanto foram presidentes, e que Domingos Chambel, enquanto foi falando de “mudança de paradigma” na associação, ao longo destes mais de dois anos de mandato, só faltou escrever a carta de despedimento a António Campos, porque, segundo confidenciou a O MIRANTE um dos seus companheiros de direcção, “fez de tudo para que ele se fosse embora sem levar um cêntimo de indemnização, e conseguiu”.

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