O "criançola" e o "palhaço": os insultos entre vereador e o comandante dos Bombeiros de Azambuja
O vereador do PSD, Rui Corça, e o comandante dos Bombeiros de Azambuja, Ricardo Correia, envolveram-se numa acesa troca de insultos na última reunião da Câmara de Azambuja.
O vereador do PSD, Rui Corça, e o comandante dos Bombeiros de Azambuja, Ricardo Correia, protagonizaram o momento mais tenso da última reunião do executivo municipal da Câmara de Azambuja, na qual se discutiram duas propostas para um apoio de 250 mil euros aos bombeiros, quando o primeiro acusou o segundo de ser um “criançola irresponsável”. O comandante respondeu chamando-lhe “palhaço”.
Com Ricardo Correia a levantar-se da cadeira em direcção à porta ao mesmo tempo que um munícipe exigia, aos gritos, que o vereador se calasse porque estava a “enervar as pessoas”, os bombeiros que estavam presentes começaram a abandonar a sala, seguindo os passos do comandante. O presidente do município, Silvino Lúcio (PS) pediu moderação ao munícipe que se exaltou e a intervenção do vereador social-democrata não se ficou por ali.
Depois de acusar o comandante dos bombeiros de ser mentiroso e manipulador e de se servir do cargo que ocupa para “coagir os seus subordinados”, Rui Corça dirigiu-se de seguida ao presidente do município e aos vereadores do PS e da CDU para dizer que os munícipes do concelho de Azambuja “não são tontos” e “sabem distinguir quem vive de esquemas de quem ganha a vida honestamente”, tal como sabem “distinguir um pulha de quem tem carácter” e se rege pela verdade. “Os vereadores [do PSD] devem estar a incomodar muito os vossos esquemas de poder para sermos alvo deste ataque, mas enquanto aqui estivermos Azambuja não será o reino da esperteza saloia”, disse.
Em resposta, o presidente do município, ironicamente, devolveu os “elogios” ao vereador e referiu que com aquela intervenção o social-democrata conseguiu criar mais uma quezília com os bombeiros “Se as relações estavam difíceis vão continuar porque o senhor em vez de por água na fogueira está a incendiá-la”, rematou.
Recorde-se que depois de em reunião camarária anterior a proposta de apoio financeiro à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Azambuja (AHBVA)- a que é da autoria do PS- não ter sido votada por falta que quórum, o corpo activo daquela corporação organizou várias vigílias e pôs a circular um abaixo-assinado “pela aprovação, de preferência por unanimidade, da proposta de aquisição do veículo de desencarceramento pelos vereadores do PSD e do Chega”. Isto porque estes autarcas recusaram votar a proposta do PS naquela reunião tendo apresentado posteriormente, por escrito, uma outra com a mesma finalidade, ou seja, atribuir 250 mil euros à AHBVA para a compra do veículo de desencarceramento. O PSD já avançou que vai pôr o abaixo-assinado, que reuniu 1.100 assinaturas, à consideração do Tribunal Constitucional por entender que viola princípios democráticos.
Tal como O MIRANTE noticiou no dia da reunião, os bombeiros voltaram a concentrar-se na sala na altura da discussão da primeira proposta para apoio financeiro a atribuir à associação humanitária que representam que constava da Ordem de Trabalhos- a que é da autoria do Partido Socialista- e aplaudiram-na em bloco no momento em que foi aprovada com os votos contra do PSD que apresentou, de seguida, uma proposta com a mesma finalidade, mas de modelo diferente. Nesse momento já a cerca de uma dezena de elementos da corporação tinha abandonado a sala, em definitivo, à excepção de um bombeiro que ficou encostado à porta.
Antes de ser apresentada a primeira proposta, o PSD tinha solicitado ao presidente do município que ambas fossem discutidas em conjunto, pretensão que não foi atendida pelo socialista Silvino Lúcio. “O que temia aconteceu acho que merecíamos que os bombeiros ouvissem a nossa discussão”, disse o vereador do PSD, José Paulo Pereira, após os operacionais terem virado costas à mesa momentos antes de Rui Corça iniciar a apresentação da proposta de apoio elaborada por aquele partido e ter reclamado de a mesma ter sido, erradamente, colocada na Ordem de Trabalhos atrás da do PS. Esta proposta, tal como O MIRANTE noticiou, foi chumbada com os votos contra do PS e da CDU. Já a do PS foi aprovada com os votos favoráveis da vereadora Mara Oliveira da CDU, do presidente do município e de dois vereadores que substituíram Ana Coelho e António José Matos, os vereadores do PS que estão impedidos de votar, por incompatibilidades, propostas que impliquem os Bombeiros de Azambuja. A vereadora do Chega não esteve presente na reunião.