Alterações nas carreiras em Alhandra geram queixas dos moradores

Moradores de localidades como Cotovios, A-dos-Loucos ou Agruela ficaram subitamente sem autocarros. Câmara de Vila Franca de Xira diz que vai avaliar a procura para pedir à Carris Metropolitana ajustes na oferta.
Entraram em vigor a 1 de Junho alterações em várias carreiras da Carris Metropolitana (CM) que servem a União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz que deixaram os moradores de várias aldeias mais longe do acesso a transporte público. As queixas estão a fazer-se ouvir entre a população e já chegaram também à reunião de câmara de Vila Franca de Xira, com os vereadores da CDU e da Coligação Nova Geração a criticar as alterações e a pedir um ajuste ou até a reversão completa das alterações efectuadas pela empresa de transportes. “Estas alterações não estão a servir as pessoas e afectam a vida de quem precisa de ir à vila de Alhandra”, lamentou José João Oliveira, vereador da CDU.
Um exemplo é a carreira 2304, que liga a estação de Alverca a Alhandra via Calhandriz e que passou a terminar o seu percurso no bairro da Chabital, ao invés de ir até à estação de comboios de Alhandra. “Assim não serve nem a vila, nem os miúdos da escola, não serve nada”, criticou o autarca. Também se têm ouvido queixas de passageiros na carreira 2308, uma nova carreira circular na união de freguesias, que passa pelas zonas da Subserra, Quinta da Ponte, Cruz de Pau e Chabital. “Incompreensivelmente, deixou de fora os Cotovios, Agruela, Rondulha e A-dos-Loucos. Agora para irmos à vila vamos como? Quem pensou isto nunca saiu dos gabinetes de certeza”, critica a O MIRANTE Fernando Lobo, morador de A-dos-Loucos que pediu ajuda para o problema ser resolvido.
Outras alterações que têm merecido queixas é também a carreira 2309, a carreira circular de Vila Franca de Xira, que ia até ao Bugalhão e agora deixou de circular por dentro de Alhandra. A piorar o caso está a redução de dois para um autocarro a circular, especialmente nas horas de ponta (das 07h00 às 08h00 e das 18h00 às 19h00), o que tem deixado os utentes irritados com a pouca frequência do autocarro. “Apenas um autocarro tem muita dificuldade em cumprir com os horários e a procura que os dois autocarros faziam anteriormente”, criticou José João Oliveira.
O facto de a maioria das carreiras que servem Alhandra não estarem a ir neste momento até à estação de comboios - mas apenas até ao viaduto sobre a Auto-Estrada do Norte (A1) é também motivo de queixas, obrigando os passageiros a realizar uma caminhada de mais de meio quilómetro para cada lado para poder largar o autocarro e apanhar o comboio.
Município promete avaliar a questão
“Gostávamos de saber se estas alterações foram decididas pela empresa ou por sugestão da câmara”, questionou Ana Afonso, vereadora da Coligação Nova Geração. Na resposta, o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), prometeu pedir aos serviços para avaliar a situação mas optou por destacar o funcionamento da Carris Metropolitana pela positiva. “Temos vindo a analisar a procura e a oferta para ajustar a oferta à procura e não o contrário, como acontecia anteriormente. Temos feito alterações significativas que têm aumentado o número de pessoas a usar a Carris Metropolitana relativamente ao início da operação em 2022”, afirmou. Segundo o autarca, tem sido feito um esforço para ajustar horários e autocarros às necessidades do concelho, dando como exemplo a recém-criada linha circular em Alverca. “Estamos com uma cobertura territorial 30% acima do que estava antes. O sucesso das carreiras circulares tem-se mostrado muito eficaz”, afirmou.
Já sobre os autocarros em Alhandra não chegarem directamente à estação, o presidente da câmara prefere apontar as possibilidades trazidas pela requalificação da Linha do Norte prevista para os próximos anos. “A intervenção prevista para Alhandra vem facilitar essa situação, passando a estação para norte da linha, com criação de um novo espaço para acolher os passageiros, o que virá facilitar a vida a quem usa os transportes”, defende.