Cultura | 18-06-2025 18:00

Sociedade Artística Tramagalense a honrar a história, arte e a cultura há 124 anos

Sociedade Artística Tramagalense a honrar a história, arte e a cultura há 124 anos
A SAT é uma das maiores colectividades do concelho de Abrantes - foto O MIRANTE

Foi no início do século XX que um grupo de trabalhadores, com o apoio do empresário Eduardo Duarte Ferreira, fundou a União Fabril, tendo como base uma banda filarmónica que marcou gerações. Mais de um século depois, a Sociedade Artística Tramagalense é o reflexo da vontade colectiva que ajudou a erguer uma sede, legalizou património, formou jovens e abriu portas à criação e à partilha.

No coração do Tramagal, no concelho de Abrantes, pulsa há mais de um século uma força viva da cultura e das artes: a Associação Artística Tramagalense. Fundada em 1901, esta associação tem sido, ao longo de 124 anos, um farol para a comunidade local e um espaço onde a arte, a música, o teatro e a partilha se entrelaçam com a vida do povo. Fundada a 1 de julho de 1901 com o nome de “União Fabril”, a actual Sociedade Artística Tramagalense (SAT) nasceu da iniciativa dos trabalhadores da fundição Duarte Ferreira e do benemérito Eduardo Duarte Ferreira, que rapidamente deu corpo à ideia de criar uma banda filarmónica.
A sua primeira actuação pública foi em Janeiro de 1902. Com o passar das décadas, a associação evoluiu e diversificou as suas actividades. Em 1916 passou a chamar-se Grémio Musical Tramagalense e, em 1944, adoptou o nome actual. O seu papel na formação musical, teatral e cultural da comunidade foi marcante, desde récitas teatrais iniciadas em 1903, passando pela organização de grupos corais, ranchos folclóricos, marchas populares e oficinas de música, dança e pintura. O edifício-sede, um sonho antigo, foi concretizado graças à colaboração da população local, da administração da Metalúrgica Duarte Ferreira e do esforço de inúmeros sócios que contribuíram com trabalho voluntário e donativos. A nova sede permitiu uma nova era de crescimento, onde nasceram projectos artísticos como a Tagus Big Band, o projecto AMAR e a JOST – Jovem Orquestra Sinfónica do Tejo.
A SAT é hoje uma das maiores colectividades do concelho de Abrantes. É detentora da Medalha de Ouro da Federação Portuguesa das Colectividades de Cultura e Recreio e, desde 1993, tem o estatuto de Utilidade Pública. Mantém em funcionamento o Grupo Cénico - fundado em 1902 -, o Grupo Coral - fundado em 1994 -, o Grupo de Cantares “O Rouxinol”- fundado em 1992 -, e a Escola de Música- fundada em 1991 -, entre outras actividades culturais e desportivas. A missão da associação é clara: promover o desenvolvimento cultural, artístico e social do Tramagal. Para isso, conta com diversas iniciativas, assim como várias parcerias com associações, grupos e escolas locais, e a participação activa dos cidadãos. O projecto do cineclube, por exemplo, é uma nova aposta para envolver os mais jovens, oferecendo-lhes filmes apelativos e um espaço para discussão e convívio, criando pontes entre as gerações.

Uma família unida
Muitos recordam as memórias dos concertos, as peças de teatro, os ensaios, e até as situações mais inusitadas, como acidentes durante as representações. A sede da sociedade, carinhosamente chamada de “casa”, guarda décadas de histórias entre paredes, como conta Manuel Oliveira Grácio, presidente da colectividade: “cresci aqui, vinha cá ajudar e brincava enquanto estava a ser construída. Aqui conheci minha esposa, no dia 28 de Fevereiro de 1973. Vinha a correr para o ensaio. Entro na sala e vejo uma cara nova. Vou ao pé dela e digo-lhe ‘vem mais vezes que a gente vai casar’”, conta a O MIRANTE com um sorriso o dirigente que faz parte da associação desde 1958. Para o vice-presidente, Paulo Seabra, que não é de Tramagal mas que ficou apaixonado pela terra, a sociedade foi amor à primeira vista. “Lá na Parede fui o director do clube de xadrez durante dois anos. Vim ao Tramagal em 1988, porque um vizinho nosso tinha uma quinta onde agora moro. Tenho e sempre tive muito amor por esta terra e pela sociedade”, revela.
A cultura no Tramagal não está presa ao passado, pelo contrário, há um apelo constante para que os jovens se envolvam e tragam novos projectos. A associação está aberta a colaborações, a ideias inovadoras e a envolver pessoas de todas as idades. A oferta cultural actual concorre com muitas distrações digitais, mas a aposta é firme na qualidade dos conteúdos e na criação de espaços onde os jovens possam sentir que a cultura é também sua: “Venham à sociedade e tragam projectos e ideias”, sublinham em uníssono os dirigentes.

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