Especiais | 15-06-2024 09:00

Propensão para o autoritarismo e incapacidade para dialogar ou gerar empatia

Propensão para o autoritarismo e incapacidade para dialogar ou gerar empatia
GUIA AUTARCAS E AUTARQUIAS
Jorge Faria está a cumprir o terceiro mandato como presidente da Câmara do Entroncamento

Presidente da Câmara Municipal do Entroncamento – Jorge Faria (PS)

Bastaram dois mandatos (2013/2017 e 2017/2021), para Jorge Faria, presidente da Câmara Municipal do Entroncamento eleito pelo PS, gerar junto da maioria dos cidadãos a ideia de incapacidade para o desempenho do cargo, de propensão para o autoritarismo e de total falta de vontade para dialogar ou gerar empatia, seja com quem for.
Venceu as eleições em 2013, após três mandatos sempre em crescendo do seu antecessor, Jaime Ramos (PSD), beneficiando do factor novidade. Obteve uma vitória com 41,96% dos votos, que reforçou ligeiramente em 2017, mas o seu estilo de fazer política, totalmente centrado na sua vontade e no controlo ou afastamento de quem o tentava condicionar, só foi tolerado pelos eleitores até 2021, ano em que caiu abruptamente, tendo ganho por apenas 62 votos.
Vindo de uma participação quase invisível, como membro da Assembleia de Freguesia de Nossa Senhora de Fátima, no período de 2009 a 2013, Jorge Faria cedo mostrou o seu estilo de “quero, posso e mando”, após ganhar a presidência da câmara. Incompatibilizou-se com o presidente da assembleia municipal do mandato 2013/2017, João Lérias, por este não conduzir os trabalhos daquele órgão como ele pretendia, levando a que o mesmo saísse das listas do PS nas eleições seguintes. Também afastou o seu primeiro chefe de gabinete, José Alfredo Lopes, que tinha integrado a sua lista à câmara, substituindo-o pelo presidente da concelhia do PS e porta-voz do PS na assembleia municipal, Mário Balsa.
Conflituoso e inflexível, estilo que já tinha revelado nos tempos em que foi director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém, foi afastando do seu caminho quem o afrontou ou manifestou alguma discordância. Rude, por vezes a roçar o mal-educado, e incapaz de dialogar ou de ouvir, a imagem que sempre transmitiu foi a de alguém que considera que uma vitória eleitoral é uma espécie de cheque em branco para fazer o que bem quiser.
O seu estilo revelou-se ainda na teimosia em manter decisões e comportamentos, e em não dar quaisquer explicações ou justificações, nomeadamente aos eleitores. Um dos vários exemplos foi o da Festa da Flor, que insistiu em realizar ano após ano, apesar de a iniciativa se ter revelado um fracasso desde o início.
Uma das obras que concretizou, a reconstrução do Cine-Teatro São João, foi outro exemplo de teimosia que penalizou a cidade e os cidadãos. Assumiu desde o primeiro dia, que ao contrário do que sempre fora defendido pelo seu antecessor, a sala de espectáculos poderia funcionar como estava, bastando para tal algumas obras de manutenção. A teimosia durou mais de quatro anos, altura em que alterou a sua posição, e a sala só voltou a funcionar em 2019, depois de reconstruída.
A sua animosidade em relação aos órgãos de comunicação social, tanto locais, como de concelhos vizinhos ou regionais, também se destacou, acentuada pela não utilização das redes sociais. Um autismo político que também contribuiu para a quase derrota nas eleições de 2021 e para o penoso mandato que está a cumprir, com um bloqueio quase total dos vereadores da oposição PSD e Chega.

Ultrapassado pelo PSD e Chega no combate a ciganos e estrangeiros
Tendo investido na requalificação da rede de águas e saneamento e na rede eléctrica, Jorge Faria nunca foi capaz de afastar a imagem que o Entroncamento tem de cidade desleixada, desordenada e suja, por não conseguir fazer a manutenção atempada de espaços públicos que se vão degradando, desde passeios, espaços de lazer e espaços de desporto informal, por exemplo.
Curiosamente, a sua postura de força junto das famílias ciganas da Freguesia de Nossa Senhora de Fátima (Zona Norte), que lhe valeu algumas acusações de racismo e xenofobia, no início do primeiro mandato, alterou-se com a chegada à cidade de centenas de estrangeiros de dezenas de nacionalidades.
Agora esse papel de anti-ciganismo e anti-imigrante passou a ser desempenhado pelos vereadores do PSD e pelo vereador eleito pelo Chega, agora independente. A situação mais recente a esse nível, foi a recusa daqueles autarcas da oposição, em aprovarem a construção de habitação social comparticipada a 100 por cento, com o argumento de que apenas iria beneficiar estrangeiros e pessoas que não trabalham, situação única na região e mesmo a nível nacional.
Natural de Valada, freguesia de Seiça, Ourém (11/Janeiro 1957), e filho de um ferroviário, Jorge Manuel Alves de Faria foi ainda criança para o Entroncamento. É licenciado em Economia, doutorado em Gestão de Empresas e tem um mestrado em Sistemas Sócio Organizacionais da Actividade Económica. Na altura em que se candidatou pela primeira vez à Câmara Municipal do Entroncamento, era professor do ensino superior na Escola Superior de Tecnologia e Gestão - Instituto Politécnico de Santarém; sócio-gerente do Centro de Línguas do Entroncamento e sócio-gerente na empresa JFS Consultores em Gestão Ldª, com sede no Entroncamento.

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