Morreu Francisco, o Papa das Américas
O primeiro Papa que chegou a Roma vindo das Américas morreu na segunda-feira, dia 21 de Abril, depois de no Domingo de Páscoa ter saudado os milhares de fiéis que foram à Praça de São Pedro, e da sua imagem ter corrido mundo por causa das notícias sobre o seu frágil estado de saúde.
A morte do Papa Francisco, às 7-35 horas do dia 21 de Abril, coloca a Igreja católica numa encruzilhada, após os pontificados anteriores dos conservadores João Paulo II e Bento XVI. O Papa Francisco, surpreendendo tudo e todos, trouxe para o debate as denúncias de abuso sexual e corrupção dentro do clero, assim como o combate à pobreza. Provocou ainda a ira nos meios católicos tradicionalistas ao pregar o acolhimento de fiéis divorciados e da comunidade LGBTQIA+, embora não incentivasse esses comportamentos e mantivesse uma postura ortodoxa em relação a temas como celibato, ordenação de mulheres e aborto.
Não é conhecida ainda a causa da morte do Papa Francisco, mas não é difícil especular que se deveu a problemas respiratórios. Recorde-se que ainda jovem o Papa Francisco teve de extrair parte de um dos pulmões, o que lhe provocou problemas respiratórios crónicos. Em 2021 e 2023, foi submetido a cirurgias no intestino, e nos últimos anos aparecia em público quase sempre em cadeira de rodas.
Recorde-se ainda que em Fevereiro deste ano, Francisco foi internado devido a uma pneumonia que o deixou bastante debilitado.
UM PIONEIRO QUE NUNCA MAIS SERÁ ESQUECIDO
Nascido Jorge Mario Bergoglio, em 17 de dezembro de 1936, em Buenos Aires, foi o primeiro papa que chegou a Roma vindo das Américas, o primeiro jesuíta a chegar ao comando do catolicismo, o primeiro a incorporar no seu discurso temas de costumes que iam contra a doutrina da Igreja. Filho de imigrantes italianos, Jorge Mario formou-se técnico em química antes de seguir a carreira religiosa, tornando-se noviço jesuíta em 1958 e padre 11 anos depois. Com uma carreira que se destacou, foi nomeado arcebispo de Buenos Aires em 1997 e cardeal primaz da Argentina em 2001. A vocação religiosa não o fez abandonar a paixão pelo tango e pelo clube de futebol San Lorenzo.
A ÚLTIMA APARIÇÃO PÚBLICA NO DOMINGO DE PÁSCOA
Jorge Mario Bergoglio chegou a ser indicado para o papado em 2005, após a morte de João Paulo II, mas terá pedido que não votassem nele por não se considerar digno do cargo.
“Na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre e infunde em cada um de nós a certeza de que somos igualmente chamados a participar na vida que não tem fim, na qual já não se ouvirá o fragor das armas nem os ecos da morte”. Com essa reflexão, Francisco encerrou sua mensagem de Páscoa, lida por um assessor durante a bênção Urbi et Orbi no domingo dia 21 de Abril. O texto marca sua última aparição pública, que ocorreu pouco depois da missa pascoal celebrada pelo cardeal Angelo Comastri. De cadeira de rodas, acenou à multidão na Praça de São Pedro e desejou uma feliz Páscoa aos milhares de fiéis que encheram a Praça. Francisco denunciou ainda a situação humanitária dramática e ignóbil em Gaza, pediu um cessar-fogo e alertou para o crescente clima de antissemitismo. “Não é possível haver paz onde não há liberdade religiosa ou liberdade de pensamento”, disse. O Papa Francisco fez ainda um apelo aos líderes globais para que utilizem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados e promover a paz.