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“Santarém é dos sítios onde existem mais talentos por metro quadrado”

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Manuel Brito, 30 anos, realizou um filme com apenas 300 euros e foi nomeado para melhor curta-metragem no festival internacional de cinema MOTEL X, que decorre em Lisboa. Artista multifacetado que viveu alguns anos em Lisboa e na Alemanha diz que na sua cidade natal pouco tem mudado.

A curta-metragem, “Retorno”, realizada por Manuel Brito, 30 anos, natural de Santarém, está seleccionada para a competição da melhor curta-metragem portuguesa no Festival Internacional de Cinema MOTEL X, que se realiza entre 1 e 10 de Setembro em Lisboa. O filme vai ser exibido no festival no dia 10 de Setembro.
Com duração de 15 minutos, contou com um orçamento de cerca de 300 euros. Teve a ajuda financeira da família e ajuda técnica do irmão, que tem formação na área. Foi rodado entre 2014 e 2015 no Porto, Lisboa e em Santarém. A parte final e a mais importante da história foi filmada numa quinta nos campos do Rossio, na Ribeira de Santarém. “Acima de tudo foi um filme feito com a boa vontade dos amigos”, explica o jovem realizador a O MIRANTE.
O filme conta a história de um jovem que regressa a Portugal e os amigos decidem fazer uma “espécie de festa de boas vindas e saírem à noite para dar um giro e fumar umas ganzas”. A meio da noite o personagem principal, interpretado por Manuel Brito, decide ir com uma rapariga de carro para outro sítio ao qual nunca chegam e não se pode contar mais nada.
Manuel Brito diz que não pensou em prémios nem em competições quando estava a fazer o filme. Quando já estava concluído decidiu enviar a curta-metragem para o IndieLisboa International Film Festival. O filme acabaria por não entrar em competição, por não se enquadrar naquele concurso, mas foi aceite e ficou em exibição na biblioteca do festival. O prémio para o vencedor é de cinco mil euros.
Alguns responsáveis pelo festival MOTEL X viram o filme e gostaram. “Fiquei muito contente quando me enviaram um e-mail a dizer que tinham gostado muito da curta e para a enviar. Acabei por ser seleccionado para a competição de melhor curta-metragem portuguesa”, explica.

Regresso a Santarém não foi fácil
Manuel não tem formação na área do cinema. O realizador conta que saiu de Santarém aos 16 anos para tirar um curso profissional de animação em Lisboa. Ainda chegou a fazer uns trabalhos mas diz que se cansou de desenhar e foi fazer uma licenciatura em música. Já formado viajou para a Alemanha, onde viveu entre 2012 e 2014. “Tocava em bares mas decidi voltar por questões de saúde”, explica o cineasta que sofre de insuficiência renal.
O regresso a Santarém não foi fácil. “Santarém é dos sítios onde existem mais talentos por metro quadrado. Onde existem pessoas com uma sensibilidade acutilante e com uma compreensão da sua própria vida muito grande. Mas é uma cidade onde o dinheiro só circula onde há agricultura”, refere.
Manuel Brito diz que “em termos mentais o que acontece é que as pessoas que nascem aqui e que têm potencial acabam por sair da cidade. Outras estão entaladas nesta cidade por desmotivação”. Manuel, que saiu da cidade aos 16 anos, diz não haver visão e considera estar quase tudo igual: “É só tourada, Feira da Agricultura e Festival da Gastronomia”.

As touradas vão acabar naturalmente

Manuel Brito considera-se um “ribatejano bruto” e diz perceber a tourada. Mas é uma actividade pela qual não tem afinidade. “Fui uma vez assistir em criança e só me lembro de apanhar sol na cabeça e não aconteceu nada que me tenha cativado”, conta.
Não gosta mas também não defende o fim das touradas porque acha que elas vão acabar naturalmente. “Gosto de coisas de que as outras pessoas não gostam, e é importante sermos todos diferentes e também sermos flexíveis. Não acho civilizado matar um animal na arena nos dias que correm. As coisas do tempo antigo morrem quando as pessoas antigas morrem, por isso, daqui a 100 anos não vai haver touradas. Não é preciso nenhuma lei porque a touradas vão acabar por si”, conclui.

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