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Autarcas sentem nostalgia dos tempos em que davam aulas

Autarcas sentem nostalgia dos tempos em que davam aulas

Reconhecem que ser presidente de câmara é mais desgastante e exigente do que ser professor. Na edição em que O MIRANTE publica um especial sobre o “Regresso às Aulas” fomos conversar com quatro presidentes de câmaras municipais da região que partilham a mesma actividade profissional: professor. Miguel Borges (Sardoal), Fernanda Asseiceira (Alcanena), Júlia Amorim (Constância) e Mário Pereira (Alpiarça) davam aulas antes de se aventurarem na vida autárquica. Admitem que são actividades com poucas semelhanças e que ser autarca é mais exigente e desgastante. Miguel Borges admite que é um cargo mais solitário e Fernanda Asseiceira refere que se fazem mais amizades como professor do que na política.

Não sabem o que o futuro lhes reserva mas todos admitem que o que têm como mais “certo” e “garantia” é o regresso à actividade docente quando cessarem as funções autárquicas. Todos admitem que por vezes têm alguma nostalgia da vida na escola, pelo convívio e interacção com alunos e professores. No entanto, o presidente da Câmara de Alpiarça, Mário Pereira (CDU), que é professor de História, considera que têm havido grandes transformações no ensino e na carreira docente que, de alguma forma, acabaram por prejudicar o ambiente escolar.
O presidente da Câmara do Sardoal, Miguel Borges (PSD), professor de Educação Musical, confessa que sente falta de dar aulas, embora nunca tenha desligado completamente uma vez que tem quatro filhos em idade escolar e a sua esposa também é professora. “Gosto de ser professor da mesma maneira que gosto de ser autarca. São cargos diferentes. Quando as crianças vêm à câmara, no Natal ou nos Reis, canto com eles”, confessa, bem disposto.
Todos concordam que, apesar da carreira de professor ser desgastante, ser autarca é muito mais exigente e stressante. “Um autarca não tem tempo livre. É preciso uma grande dedicação. Tem que se gostar mesmo de ser autarca senão não vale a pena. Temos que pensar e ter noção que a nossa função é mesmo muito importante e é isso que nos dá força para continuarmos”, refere Fernanda Asseiceira, presidente da Câmara de Alcanena, e professora de Ciências e Matemática.
Mário Pereira sublinha no entanto que a vida de professor não é só passada na escola e que essa história de terem muito tempo livre não passa de um mito urbano, pois muitas vezes leva-se trabalho para casa à noite ou ao fim-de-semana. Embora não se compare com a agenda sobrecarregada de um presidente de câmara, que raramente tem um fim-de-semana exclusivamente para a família.
Professora de Biologia e Geologia, Júlia Amorim (CDU), presidente da Câmara de Constância, confessa que sempre preferiu dar aulas aos alunos do 3º ciclo. “Nestes anos existe a possibilidade do processo ensino/aprendizagem ser muito mais activo. Ainda é possível estabelecer relações interpessoais entre professor e aluno. No ensino secundário, devido ao maior volume de matéria, é mais complicado e as aulas são poucas para todo o conteúdo programático”, explica.
Professor durante 24 anos, Miguel Borges admite que o trabalho de autarca é mais solitário do que o de professor. “O momento de tomada de decisão é solitário para um autarca, enquanto um professor pode tomar decisões em conjunto e depende sempre de directivas superiores”, considera.
Fernanda Asseiceira diz que fazem-se mais amizades na docência do que na política. “Ainda hoje tenho contacto com colegas e alunos através das redes sociais. Vou acompanhando o percurso de alguns antigos alunos que já são pais e outros falam comigo quando me encontram na rua”, afirma.
Em relação a diferenças entre as duas actividades, Mário Pereira reconhece que a sua actual vida é mais escrutinada e desgastante - “embora a profissão de professor também seja de grande desgaste”, sublinha.

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