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Desembaraçado Serafim das Neves

A presidente da Câmara Municipal de Tomar, Anabela Freitas, entrou de férias a seguir a ter ficado em minoria no executivo na sequência da renúncia aos pelouros do vereador Rui Serrano e de o mesmo ter declarado que não se revia nas políticas do PS que, é bom recordar, vinha caminhando desde o início do mandato amparado à muleta Bruno Graça, CDU.

A decisão da senhora mostra que se trata de alguém que sabe que uma boa governação autárquica exige um bom descanso e um bom bronzeado, para além de noites bem dormidas. Quanto a dormir ela já dormia profundamente há muito tempo, como a própria oposição não se cansava de lembrar. Agora com esta ida para a praia pode continuar a dormir até ao fim do mandato, desde que não apanhe nenhuma queimadura, claro!
Quanto ao arquitecto Rui Serrano lamento apenas que os jornalistas que tanto gostam de lembrar os recordes de figuras públicas, se tenham esquecido de mencionar que se trata do primeiro autarca da região, que tem no seu currículo dois cargos de vice-presidente em duas câmaras municipais diferentes, com a particularidade de, nas duas vezes, ter sido vice de duas mulheres presidentes. Se isto não é notícia então já não sei o que é notícia.
Serrano foi vice-presidente da presidente Maria do Céu Albuquerque, em Abrantes, entre 2009 e 2013. No actual mandato foi vice-presidente de Anabela Freitas, em Tomar, entre 2013 e Janeiro de 2016. Alguns dirão que Mourinho ganhou o campeonato nacional em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha e eu não deixo de lhes dar razão mas à nossa escala é justo reconhecer que Rui Serrano é o rei das assistências...ou seja, das vice-presidências.
Por falar em recordes. Na sexta-feira passada, na estrada do campo entre Chamusca e Alpiarça, um condutor despistou-se e derrubou dois postes de electricidade feitos em cimento. Felizmente não lhe aconteceu nada de grave, mas lá está. Os jornalistas limitaram-se a falar do acidente e esqueceram-se do mais importante.
Um condutor que de uma carambola arranca dois postes é algo inédito. Pelo menos para mim é inédito. Ou será que aqui na região há alguém que tenha arrancado mais que dois postes de uma só vez?! É por estas e por outras que o jornalismo anda a perder credibilidade e os jornais a vender menos. Alguém imagina que nas redes sociais não se dê mais relevância ao recorde em si do que a um mero acidente? Depois queixem-se!!
Tal como tu adoro a expressão “teatro das operações” para designar zonas florestais em chamas. Num país onde cada vez menos se vai ao teatro é de enaltecer o esforço de comandantes de bombeiros e jornalistas para recordar ao povo que a arte está viva.
Mas não é o único contributo desses valorosos combatentes para a cultura nacional. Bem enquadrados nos tais “teatros de operações”, com as diabólicas chamas ao longe como numa peça de Dante, actores bem vestidos, barbeados e penteadinhos, enroupados em modernos camuflados militares ou em vistosas fardas enfeitadas com galões dourados e estrelas, declamam com vozes graves e bem colocadas, palavras ricas e substancias como rescaldos, caldos, controlados, extintos, operacionais, ares e hectares, que me extasiam de todo.
Os repórteres, que para rimar com “teatro das operações” falam sempre em cenários dantescos, também dão o melhor que sabem da arte. Enquanto espreitam por cima do ombro com ar amedrontado, vão entrevistando quem passa ao seu alcance como fazem à porta dos estádios, com perguntas interessantes e profundas do mesmo género das que fazem antes de um jogo grande. “Quem acha que vai ganhar? O incêndio ou os bombeiros? E por quantos? E quem vai marcar?”.
Um calorífico abraço
Manuel Serra d’Aire

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