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“O trabalho não me mete medo e não gosto de estar fechado num gabinete”

“O trabalho não me mete medo e não gosto de estar fechado num gabinete”

Paulo Rodrigues, 46 anos, Sócio-gerente da Macrofal – Materiais de construção. Em pequeno Paulo Rodrigues queria ser polícia mas a vida encaminhou-o para empresas ligadas aos refrigerantes e à cerveja.

Chegou a ter uma pastelaria no Algarve e actualmente é sócio e gere a Macrofal – materiais de construção em Santarém, cidade onde vive há 44 anos. O tempo livre é cada vez menos, mas quando pode vai à pesca.

O meu pai era GNR e foi colocado em Santarém. Eu na altura tinha dois anos de idade. Nasci na Aldeia do Barreiro em Trás-os-Montes, a cerca de 14 quilómetros de Vila Real mas estou há 44 anos no Ribatejo. Actualmente vivo em Santarém.
Fiz o 12.º ano e fui logo trabalhar. O meu primeiro emprego foi na empresa de refrigerantes Rical. Entrei em 1988 como técnico industrial e saí em 1991 para fazer serviço militar na Marinha. Em 1992 meti os papéis para a Unicer. Comecei por conduzir empilhadores mas passados seis meses fui para o laboratório de análises da adega e depois para a área de fabricação de mosto.
Enquanto estive na fábrica trabalhei nas provas cegas de cerveja. Nessa altura quase que enjoei cerveja. Actualmente gosto de beber uma bem fresquinha, principalmente no Verão. Já experimentei cerveja artesanal mas continuo a gostar da cerveja à pressão e de garrafa.
Quando a empresa acabou, em 2012, fui trabalhar para a restauração. Abri uma pastelaria/snack bar em Portimão com a minha mulher e um casal amigo onde estive durante dois anos. Gosto de estar atrás do balcão e gostei da experiência. Tive pena de ter que acabar porque o meu colega foi para a Angola. Depois aproveitei o convite do meu pai e entrei na Macrofal em 2014.
Em criança queria ser polícia, provavelmente por influência do meu pai. Ele era GNR e esteve trinta e tal anos na Brigada de Trânsito. Nunca senti que ele fosse o mau da fita por passar multas, olhei para ele sempre como um herói. Sou filho único mas nunca me senti ser o centro de atenções. Quando tinha de apanhar apanhava, mas dei-me sempre bem com os meus pais.
Casei duas vezes. Do primeiro casamento tenho um filho com 23 anos e do segundo tenho uma miúda com 19 e outro com quatro. O mais pequeno quer brincar, jogar à bola e “andar à porrada” comigo – tenho de o meter no karaté porque ele gosta dessas coisas.
Estou muito ligado ao mar. Um colega de trabalho passou-me o gosto pela pesca. Como as carpas e os barbos são peixes que quase ninguém gosta virei-me para o mar. Comecei na costa a pescar carapaus e douradas e depois fui para o barco. A primeira vez que fui enjoei.
Também faço caça submarina. Vi muitos programas na televisão e fui com amigos experimentar. Descemos uns 15 metros e num minuto e pouco caçamos polvos e peixes. É um passatempo que gosto muito.
Tenho sempre dois destinos de férias que são Vila Real de Trás os Montes e o Algarve. Já fui à República Dominicana, à Madeira, à ilha de Tenerife (Espanha) e gostava de ir à Holanda porque acho que é um país muito diferente onde as pessoas têm a mente mais aberta.
Aprendi a cozinhar com a minha mãe. A minha especialidade são bochechas de porco. É engraçado que com a idade aprendemos a gostar do que detestávamos, como fígado, por exemplo. Começamos a tirar partido das especiarias e apreciar as coisas.
Gosto de filmes de terror pelas sensações que provocam. E também gosto de séries e de policiais. Gosto muito dos The Queen. São a minha banda favorita mas nunca os vi ao vivo, apesar de agora, depois da morte do Freddie Mercury, não serem a mesma coisa. Até aos meus 38 anos ia muito à discoteca. Gosto muito de música reggae e cheguei a ver os UB40 na Expo 98.
O trabalho não me mete medo e não é por ser sócio-gerente que tenho estar num gabinete fechado. Gosto de estar no terreno. Antes tinha mais tempo do que agora que sou patrão. E o meu grande problema é não conseguir chegar a todo lado.
Quero fazer crescer esta empresa lá fora, principalmente em Moçambique, porque estamos só em Santarém e em Évora e as coisas estão muito estagnadas. Mas conseguimos exportar alguma coisa para França e Suíça.

“O trabalho não me mete medo e não gosto de estar fechado num gabinete”

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