Fogo causou prejuízos incalculáveis no concelho de Mação
Presidente da câmara diz que o concelho estava a recuperar da tragédia de 2003 e lamenta que, 14 anos depois, tenha de voltar a começar tudo de novo.
O concelho de Mação sofreu uma “tragédia de prejuízos incalculáveis” que terá repercussão durante muitos anos, afirmou o presidente da câmara, Vasco Estrela (PSD), que “não vai descansar” enquanto não tiver respostas sobre o combate ao incêndio.
“Relativamente aos prejuízos e àquilo que aconteceu foi uma tragédia que o concelho de Mação viveu. Temos uma área superior a 17.000 hectares ardidos, seis primeiras habitações, vários anexos, tractores, uma ou outra viatura, barracões, animais, pasto e uma perda imensa de floresta da nossa maior riqueza. É um cenário desolador e prejuízos que neste momento são difíceis de calcular porque terão repercussões por muitos e muitos anos para este povo que recorrentemente tem sofrido”, disse Vasco Estrela, em declarações à agência Lusa.
“São prejuízos incalculáveis. Neste momento temos de avaliar tudo muito bem para percebermos em concreto o que é que realmente aconteceu, a dimensão da tragédia, porque há muitas aldeias que ainda não foram rastreadas o suficiente para percebermos até que ponto a violência do fogo causou destruição”, acrescentou o autarca.
Vasco Estrela contou que o concelho estava a recuperar da “tragédia de 2003” e lamenta que, 14 anos depois, tenha de voltar a começar tudo de novo. O autarca reiterou que vai exigir o apuramento de todas as responsabilidades e que quer saber quais os meios e que estratégias é que estiveram no terreno.
“Tiveram como consequência mais de 20 aldeias evacuadas, mais de 200 pessoas evacuadas, casas ardidas, 17.000 hectares [queimados], queremos perceber as consequências das decisões no concelho de Mação e nos outros concelhos. Felizmente, há entidades independentes para investigar, avaliar e tirar conclusões. Provavelmente foi tudo bem feito, e se foi tudo bem feito, temos de lamentar o azar que tivemos, se alguma coisa foi mal feita então os responsáveis que sejam apurados, e que, daí, se tirem conclusões para outros casos, para o nosso futuro”, vincou o autarca de Mação.
Neste momento, a prioridade passa por encontrar soluções para as pessoas que ficaram sem primeiras habitações. Vasco Estrela revelou que o coordenador da Unidade de Missão para a Valorização do Interior (UMVI) visitou o concelho. “Ontem mesmo o engenheiro João Paulo Catarino esteve um pouco connosco e veio mostrar a sua solidariedade e também transmitir uma mensagem do senhor primeiro-ministro de que o concelho de Mação será ajudado naquilo que for a reconstrução das habitações”, relatou.
Em declarações à Lusa, o presidente da Câmara de Mação disse ainda que voltou a pedir para que o concelho faça parte do projeto-piloto anunciado pelo Governo para o ordenamento do território. “Era algo que reclamávamos há anos, infelizmente aconteceu-nos esta tragédia. Esperemos que possamos ser incluídos nesse projeto para reconstruirmos o futuro. Gostaríamos que o Governo tivesse também atenção relativamente a este concelho”, apelou Vasco Estrela.