Enterro do Galo de aviário
Li na edição online d’O Mirante que o Enterro do Galo na Chamusca tem perdido alguma virilidade sobretudo no que toca a cascar no poder autárquico, o que, infelizmente, não me surpreende nada num país que sempre foi mais dado ao lambe-botismo e à graxice assolapada do que ao exercício da opinião crítica e descomprometida próprio de gente que gosta de andar na rua com a coluna direita.
Lia todos os anos n’O Mirante, como espero continuar a ler, os versos rasgadinhos que não poupavam ninguém, nem o próprio jornal onde eram difundidos, para uma audiência superlativamente maior do que a que assistia ao serão de escárnio de Quarta-Feira de Cinzas. Espero que os autores do testamento do Enterro do Galo, para o ano, se inspirem nos bons néctares ribatejanos e retomem a tradição de zurzir e cortar na casaca a torto e a direito até que as mãos lhes doam. Para que o Enterro do Galo da Chamusca não se converta num Enterro do Galo de aviário da CEE, normalizado, politicamente correcto e vergado ao poder.
Ernesto Folgosinho