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Um alimento milenar que nunca saiu de moda
Produção de pão é um processo técnico e avançado mas com muito conhecimento artesanal

Um alimento milenar que nunca saiu de moda

Dia Mundial do Pão celebrou-se a 16 de Outubro. Produzido pela primeira vez há mais de seis mil anos, é o resultado da cozedura de uma mistura de farinha, água e sal, mas é muito mais do que isso. Para muitos confunde-se com o próprio alimento e, talvez por isso, o seu dia coincida com o Dia da Alimentação. Para assinalar a data O MIRANTE falou com o responsável pela panificadora Pereira, em Abrantes, um negócio com 25 anos mas fresco como um pão acabado de sair do forno.

A panificadora Pereira está em Abrantes desde 1993, em 2005 mudou-se para as instalações actuais no Parque Industrial Norte, onde encontrámos Rui Pereira e Tiago Pereira. Rui e Tiago, de 34 e 30 anos respectivamente, são filhos do fundador Manuel Carlos da Silva Pereira e confessam que não passam um dia sem comer pão. Na mesa da família o pão tem sempre lugar seja qual for a refeição.
Desde novos começaram a ajudar o pai na padaria. Rui Pereira refere que aos 12 anos já ajudava durante as férias escolares e que por volta dos 15 começou a trabalhar na panificadora a tempo inteiro. Há cerca de oito anos é responsável pela gestão da empresa, mas quando é necessário ainda põe as mãos na massa, sempre que há algum problema a resolver na produção.
Todos os dias são amassados cerca de 4.500 quilos de farinha, o que equivale a 8.100 quilos de massa, em média. Os pães que daí resultam começam a sair da fábrica por volta das 03h30, em carrinhas, num raio de acção que chega à vizinha Espanha.
Nisa, Portalegre, Sousel, Estremoz, Elvas, Badajoz, Castelo Branco, Santarém, Almeirim, Vale de Cavalos, Barquinha, Constância, Tomar, Vila de Rei, Sardoal e Mação são alguns dos destinos. Rui Pereira enumera os concelhos para onde todos os dias se deslocam três dezenas de funcionários responsáveis pelas entregas.
O processo de fabrico começa às 19h00 e leva cerca de três horas, que incluem a amassadura, a levedação, o corte e a cozedura. Depois há ainda que considerar o tempo para cortar, embalar e carregar as carrinhas. Para Rui Pereira, este é um produto que tem muita mão-de-obra e onde a introdução de máquinas pode retirar qualidade.
Por volta das 09h00 do dia seguinte todas as entregas têm que estar feitas. “Abastecemos muitos cafés e restaurantes que precisam de ter o pão a tempo e horas para poderem começar a trabalhar, não há margem para atrasos”, refere o responsável. “Na venda porta-a-porta, ao cliente final, o período é mais alargado”. Na empresa existem oito carros dedicados apenas às entregas a estabelecimentos comerciais, os restantes são dedicados à distribuição porta-a-porta.
Rui Pereira refere com orgulho que pertence a um grupo empresarial que compreende duas empresas: a Manuel Carlos da Silva Pereira, Indústria de Panificação e Pastelaria, que actua na área da venda ao público e porta-a-porta, responsável pela distribuição a escolas, cafés, supermercados, restauração e clientes finais; e a Sabores do Ti Pereira, dedicada à padaria, pastelaria e cafetaria, com 13 lojas na zona de Abrantes e Ponte de Sor, e uma também no concelho da Chamusca.
No total são cerca de 160 funcionários, 50 nas lojas Sabores do Ti Pereira, 27 dedicados exclusivamente à produção do pão, 14 à produção de pastelaria, 35 à distribuição e os restantes ao trabalho administrativo.
A empresa adquiriu um espaço industrial contíguo ao actual e planeia ampliar a fábrica que passará dos 1.200 para os 2.350 metros quadrados. “O objectivo é organizar a casa, estamos muito limitados no espaço, queremos dividir a pastelaria da padaria”, refere Rui Pereira. “O nosso produto tem qualidade e não queremos acrescentar a produção, mas sim gerir bem o negócio que já temos”.

Rui e Tiago Pereira são os filhos do fundador da empresa

Mudam-se os tempos, muda-se o pão

Como os paladares vão mudando, Rui Pereira diz que estão sempre a inovar com novos produtos, novas variedades de pão que vão ao encontro do que os clientes pedem. “Actualmente a tendência é para os pães escuros e mais rústicos, como o pão de centeio”, refere o padeiro, embora garanta que o tradicional pão de Mafra, e o pão do Ti Manel continuem a ser muito apreciados.

Portugueses consomem mais 40 quilos de pão por ano do que o recomendado

A Organização Mundial da Saúde recomenda o consumo de 60 quilos de pão por ano, por pessoa, ou seja, 165 gramas de pão por dia. Portugal e Marrocos são os países recordistas no consumo de pão, consumindo em média 100 quilos por ano per capita. O país que mais se aproxima do ideal é o Uruguai, com uma média de 55 quilos por ano por pessoa. De acordo com a Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (ACIP), até ao final da década de 80, o consumo em Portugal rondava os 150 quilos per capita, por ano. Segundo a ACIP o decréscimo no consumo deve-se a factores económicos, mas também à ideia generalizada de que o pão engorda.

Um alimento milenar que nunca saiu de moda

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