Jovens preferem os telemóveis aos livros
Alunos de escolas de Santarém participaram num workshop que aliou a escrita à música.
Escrevem histórias e poemas e tocam instrumentos musicais. Ana Branco, Maria Monteiro e Rafael Raimundo são jovens mas já dão que falar na escola pela qualidade de escrita e pela dedicação à música. Mas porque se interessaram por essas artes numa altura em que maioria dos alunos prefere os telemóveis aos livros? Foi o que O MIRANTE foi perguntar a esses alunos de escolas de Santarém, presentes no workshop com a pianista e poetisa japonesa Misuki Watanabe que decorreu no sábado, 13 de Outubro, na Casa-Museu Passos Canavarro, em Santarém.
Sorridente e com as respostas na ponta da língua, Maria Monteiro admite que o gosto pela música surgiu quando começou a aprender a tocar oboé no Conservatório de Música de Santarém. “Escolhi o oboé por ser diferente e desafiante”, confessa a jovem de 14 anos.
Já a escrita surgiu naturalmente. É uma forma de exprimir o que sente através das palavras. “Se estou triste, escrevo uma história mais comovente. Se estou feliz, escrevo uma história mais alegre”, refere Maria, dizendo que sonha, no futuro, ser empresária. “Só se não conseguir é que quero ser oboísta”, acrescenta.
Para a aluna que frequenta o 9.º ano na EB 2,3 Alexandre Herculano, a culpa dos jovens não lerem tanto é por causa dos telemóveis. “Eles afastam-nos das letras. Mas felizmente há escritores de que nós gostamos e que nos apelam à leitura”, confessa, adiantando que o seu favorito é o escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos.
A opinião é partilhada por Ana Branco. A frequentar o 7.º ano da EB 2,3 Mem Ramires, a estudante acredita que as novas tecnologias vieram acabar com o fascínio que exerciam os livros. “Eles preferem estar nos telemóveis do que a ler ou a escrever porque acham que é uma ‘seca’”, admite, dizendo que também não lê muito, mas “quando se agarra um livro, quer sempre terminá-lo”.
Apaixonada pelo teatro, pela escrita e pela música, Ana, 11 anos, confessa que não tem por hábito escrever muito, mas como tem muitas ideias, sente necessidade de expressá-las e, por isso, utiliza a escrita. “Faço muitas actividades e frequento muitos locais. Depois as ideias vão surgindo e faço histórias com elas”, explica a estudante, que pretende no futuro ser actriz ou trabalhar na área da música.
Com o mesmo sonho de vingar no teatro, Rafael Raimundo adianta que, apesar de gostar de escrever, sempre teve uma preferência pela representação. “Escrevo muitas histórias e poemas, também muito graças à bibliotecária da minha escola e aos meus pais. Mas a verdade é que o teatro é o que me desperta mais interesse”, admite o aluno que frequenta o 9.º ano na EB 2,3 Alexandre Herculano.
Para o estudante de 14 anos, a leitura está a ficar para trás entre os jovens devido às novas tecnologias. “Antes, para pesquisar alguma coisa, tinha de ler livros. Agora, com a Internet, basta escrever o que se pretende pesquisar e encontra-se logo tudo o que se pretende saber”, garante Rafael, acreditando que ainda há pouco apelo para a leitura por parte dos pais e professores. “Se os jovens fossem mais incentivados, tenho a certeza que eles liam mais”, defende convicto.