Duas amigas de Almeirim morrem carbonizadas em acidente de viação
Carro despistou-se e incendiou-se no IC10 no acesso à circular e à cidade de Santarém
Patrícia Patrício deixa um filho de dez anos. O marido também morreu num acidente de viação. Diana Ferreira deixa uma filha de 14 anos e tinha vindo de França há pouco tempo onde esteve a dar apoio a uma irmã grávida.
Dois dias depois de ter regressado e França, para passar o Natal com a mãe e a irmã mais nova, Diana Ferreira morreu carbonizada após o veículo em que seguia com a amiga Patrícia Patrício, que teve o mesmo fim trágico, se ter despistado, chocando com um separador de betão à saída da Ponte Salgueiro Maia, antes de uma curva apertada. A má visibilidade devido ao nevoeiro pode ter contribuído para o acidente, cujas causas ainda estão a ser investigadas.
O despiste ocorreu por volta das três da madrugada de sexta-feira, 21 de Dezembro, depois de as duas jovens, ambas com 31 anos, terem estado em casa de uma amiga. É um mistério porque é que ambas se deslocavam para Santarém àquela hora, cerca das três da manhã. A única coisa que se sabe é que antes de saírem de casa da amiga, onde jantaram, em Almeirim, andavam à procura do telemóvel de Patrícia.
A vida foi madrasta para Patrícia Patrício, que ficou viúva há sete anos quando o seu marido, militar da GNR, faleceu num acidente de viação. Já não tinha pais há uns anos e foi criada pela avó materna, até porque a mãe teve problemas de toxicodependência. Enfrentou a vida e, apesar dos problemas, era uma pessoa que tinham sempre um sorriso. Deixa um filho de 10 anos, entretanto entregue aos cuidados dos avós paternos que residem na região do Algarve.
Patrícia trabalhava na unidade residencial do Centro de Reabilitação e Integração de Almeirim há dois anos, onde todos ficaram consternados com a notícia. “Era uma funcionária muito carinhosa com os utentes e estimada pelos colegas. Nunca tive nenhum problema com ela. Foi uma perda muito grande para o CRIAL”, disse o presidente da instituição, José Carlos Silva a O MIRANTE.
Quanto a Diana Ferreira, natural dos Cortiçóis, concelho de Almeirim, deixa uma filha de 14 anos. Vivia com a mãe e um irmão nesta localidade, mas costumava passar algumas temporadas em França a trabalhar na agricultura. O mesmo trabalho que tinha de forma sazonal em Portugal. Tem cinco irmãos e tinha regressado recentemente de França, onde esteve a dar apoio a uma irmã que está grávida. Quem a conhece, refere que a jovem era conhecida por ser muito independente e por ter um gosto especial pela natureza.
Quando os meios de socorro chegaram ao local e apagaram as chamas, os corpos já estavam irreconhecíveis. As operações de socorro ficaram concluídas pelas 07h20 e envolveram 18 operacionais dos Bombeiros Municipais de Santarém e Voluntários de Almeirim e a GNR. As autoridades estão a investigar as causas do acidente.
Confusão de identidades
Inicialmente as autoridades avançaram que as duas vítimas seriam Patrícia Patrício e o seu filho de 10 anos. A confusão de identidades surgiu porque os corpos estavam irreconhecíveis e os familiares mais próximos também não sabiam do menino, que se encontrava na casa de uma amiga. Esta estranhou que Patrícia não aparecesse, como combinado, para ir buscar o filho, e quando começou à procura de notícias foi confrontada com a tragédia.
Identificação do carro e testes de ADN
Devido ao facto de o carro ter ficado completamente queimado, a GNR só chegou à proprietária do carro, Patrícia Patrício, através do número de chassi da viatura. Mas não foi fácil, porque o veículo tinha sido adquirido há dias e o registo do chassi ainda estava em nome do proprietário antigo que não sabia a quem é que este tinha sido vendido. Só ao fim de algumas horas se confirmou que Patrícia era a primeira vítima mortal. Quanto a Diana Ferreira, apesar de se saber que era ela que ia no carro, ainda vai ser necessário fazerem-se testes de ADN para legalmente se confirmar o óbito.