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Região esqueceu o turismo equestre e poderá pagar caro por isso
Samora Equestre teve como objectivo dar a conhecer à população os diferentes criadores que existem na freguesia e na região

Região esqueceu o turismo equestre e poderá pagar caro por isso

Coudelarias, cavaleiros e entusiastas dos cavalos juntaram-se em Samora Correia. Certame Samora Equestre deu destaque ao cavalo no último fim-de-semana. Foi debatida a importância da criação equestre em Samora Correia e na região e sublinhou-se que o Ribatejo não deve ter vergonha das suas tradições. E ficou o aviso: esquecer o turismo equestre é um erro.

Responsáveis debateram o papel de Samora Correia na criação equestre no auditório do Palácio do Infantado

A região e em particular a zona de Samora Correia tem-se esquecido de apostar no turismo equestre e isso é um erro. Um erro que custa desenvolvimento, dinheiro e, acima de tudo, atractividade. A ideia foi defendida na sexta-feira, 12 de Julho, num colóquio dedicado à influência da criação equestre naquela freguesia do concelho de Benavente, que abriu o primeiro certame “Samora Equestre”, evento que deu destaque ao cavalo e aos produtores locais.
João Rodrigues, picador chefe da Escola Portuguesa de Arte Equestre e criador de cavalos puro sangue lusitano, na herdade que comprou há dois anos nas Pancas, em Samora Correia, foi o primeiro a meter o dedo na ferida e a lamentar que não haja uma aposta forte e séria no turismo equestre na zona.
“Estamos no centro do Ribatejo, temos aqui campo e uma forte ligação ao cavalo e ao touro. Daqui vemos as luzes de Lisboa estando em pleno campo. Isso não pode ser desvalorizado. E, contudo, o turismo equestre está esquecido, quando os turistas adoram ver um touro no campo, param, tiram fotos, querem viver isto. Isto é o futuro e nós não estamos a saber aproveitar”, criticou.
Uma opinião que gerou concordância na mesa, composta por toureiros, criadores, equitadores e especialistas na arte equestre. Rui Madaleno, criador, lembrou isso mesmo, acrescentando que Samora Correia “não deve ter vergonha das suas tradições”. O cavaleiro tauromáquico Francisco Palha sublinhou que Samora é uma terra privilegiada por estar no “coração do Ribatejo” e a 20 minutos de Lisboa. “Temos os melhores cavalos do mundo, servem para tudo, para tourear, saltar, trabalhar. Somos afortunados”, defendeu.
Os sorrisos ficaram menos pronunciados, contudo, quando João Rodrigues confessou que ainda não cria cavalos para touradas, por considerar que por vezes os cavaleiros ainda pagam mal os cavalos que compram. “O criador tem de ser como um artista, perceber que tipo de cavalo quer”, defendeu.
Não há samorense que não goste de cavalos
Samora Correia está ligada à produção equestre há muitos anos. Entre as primeiras grandes coudelarias estão as antigas Casa do Infantado e o Condado de Pancas. Aquando das duas grandes guerras mundiais, devido à escassez de combustível, a maioria dos transportes era assegurada por cavalos. A existência de bastantes casas agrícolas – incluindo a actual Companhia das Lezírias, pertença do Estado - espoletou também uma forte produção de cavalos.
A história foi lembrada por Joaquim Madaleno, da Associação de Beneficiários da Lezíria Grande. “Nos anos 70 foi muito mau, quase deixámos de ter cavalos, as cocheiras estavam vazias, os encarregados andavam de vespa [uma motorizada] dentro do campo”, lembrou.
O evento Samora Equestre, realizado pela primeira vez, teve como objectivo dar a conhecer à população os diferentes criadores e animais que existem na freguesia e na região, incluindo também eventos lúdicos como baptismos equestres, apresentação de coudelarias, cortejo pelas ruas e um concurso do poldro mamão. Um dos destaques foi também a homenagem a dois cavalos de Samora: Zinque das Lezírias e Joselito.

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