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Caminhar em defesa do Sorraia
Caminhada nas margens do Sorraia teve como objectivo chamar a atenção dos governantes para as fragilidades do rio

Caminhar em defesa do Sorraia

Cerca de duas centenas e meia de pessoas caminharam pelas margens do rio Sorraia para chamarem a atenção para a praga de jacintos e abandono das margens e dos diques.

Um grupo de cidadãos dos concelhos de Benavente e de Coruche caminhou nas margens do Sorraia, com partida e chegada à herdade da Torrinha, no Biscainho, Coruche, para sensibilizar o Governo para a praga de jacintos que está a destruir o rio. A caminhada reuniu cerca de 250 pessoas, na manhã de domingo, 15 de Setembro, e foi promovida pelo movimento “Juntos pelo Sorraia”. José Pastoria, dinamizador do encontro, contou com a presença do presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, para além de outras personalidades ligadas à vida política, social e económica dos concelhos de Benavente e Coruche
Sandra Alcobia, bióloga e professora, foi a guia do grupo que antes e depois da caminhada explicou os objectivos do encontro e contou a situação real do rio: “Fiquei sem chão quando dei de caras com o estado do rio Sorraia. Apesar do Governo já estar a trabalhar noutros concelhos, para enfrentar este problema, vai ser preciso um esforço muito maior para acudir a todo o percurso do rio. Isto é uma coisa que vai durar décadas a controlar e, vai ter que ser um trabalho diário. É preciso resolver, ao mesmo tempo, o problema do assoreamento e dos diques que estão ao abandono e ajudam na proliferação dos jacintos”, explicou.
O rio Sorraia nasce na freguesia do Couço e resulta da junção de dois cursos de água o rio de Sor e o rio de Raia. Tem uma extensão de 155 quilómetros e liga o Couço a Benavente, onde vai desaguar no rio Tejo. Em tempos foi um rio navegável e sustento para muitas famílias que viviam da pesca. É graças ao rio que no vale do Sorraia se produzem milhares de hectares de arroz, uma indústria agrícola com muita importância no tecido económico da região.
Sandra Alcobia chamou ainda a atenção para os crimes ambientais praticados pelos agricultores que embora sejam os principais utilizadores do rio destroem a vegetação derrubando salgueiros e amieiros, entre outras árvores, que ajudam a consolidar as margens e contribuem para a biodiversidade.

António Manuel toma conta de mais de uma centena de hectares de terra de arroz

Um agricultor de Coruche que anda cinco quilómetros por dia a pisar torrões

Enquanto se dava à perna, numa estrada que dividia o rio dos campos de arroz do vale do Sorraia, o repórter de O MIRANTE ficou pelo caminho para conversar com António Manuel, de Coruche, um agricultor de 62 anos que faz a gestão de cerca de uma centena de hectares de terra de arroz de um proprietário de Lisboa.
De enxada na mão, rosto tisnado pelo sol, António Manuel aproveitou o convívio para dizer que anda nesta vida desde menino e quase nasceu num canteiro de arroz. Diz que o problema do rio Sorraia resolve-se com militância cívica, mas também junto dos organismos competentes que regra geral só actuam quando vêem as barbas a arder.
Para ele, que conhece bem o rio, o assoreamento é tão problemático como os jacintos. E avisa que o rio é fundo e tem correntes que enganam e podem matar quem julga que pode ir ao banho sem problemas só porque sabe nadar.
Os lagostins, que são uma praga nos arrozais, são também modo de vida para quem anda à caça deles. “Anda por aqui um camarada que apanha em média duzentos quilos por dia”, esclareceu, já em final de conversa, e depois de confessar que a sua boa forma física se deve ao facto de andar cerca de cinco quilómetros por dia em cima dos torrões.

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