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Rio Maior foi capital da escultura em pedra
Os escultores Tiago Margaça, Thierry Ferreira e Liu Yang (da esquerda para a direita) estiveram no 1º Encontro de Esculturas em Pedra de Rio Maior

Rio Maior foi capital da escultura em pedra

Três escultores convidados pela Câmara de Rio Maior estiveram a transformar blocos de pedra em obras de arte durante os primeiros 15 dias de Dezembro. A oficina foi a céu aberto, no jardim municipal, e a ideia foi proporcionar à população uma experiência e convivência com uma arte e artistas pouco divulgados.

Thierry Ferreira, Tiago Margaça e Liu Yang foram os convidados do 1º Encontro Internacional de Esculturas em Pedra de Rio Maior que teve como mote o tema “Floresta Encantada” e decorreu durante a primeira quinzena de Dezembro.
Tiago Margaça, 38 anos, veio de Aveiro e visitou o Ribatejo pela segunda vez este ano depois de ter criado uma escultura para o município de Coruche. Tiago começou recentemente a esculpir a pedra. A conversa foi pretexto para explicar que a sua veia artística se iniciou bem cedo quando começou a trabalhar com o barro. Ganhar a vida nesta área não é fácil e exige mais trabalho por ser um meio difícil, mas Tiago tem esperança que as coisas mudem. A prova disso é o mestrado que está agora a tirar em Criação Artística Contemporânea.
Tiago podia estar com uma vida confortável em Berlim, onde viveu e trabalhou nove anos em cinema, mas o receio de se acomodar e nunca mais voltar a Portugal ditou o seu regresso: “Gosto da minha terra e do meu país e isso é importante para a minha inspiração”.
De visita pela primeira vez a Portugal Liu Yang falou com o repórter de O MIRANTE enquanto desenhava na pedra um rio e as suas margens. Aos 47 anos, Liu já trabalhou em 33 países e conta que as condições mais difíceis em que trabalhou foi no Nepal, onde nem havia eletricidade. Na China trabalhava na área da comunicação em televisão, embora as artes plásticas estivessem sempre presentes. “O meu objectivo nunca foi enriquecer a trabalhar em arte. O que quero é produzir obra que dê testemunho da minha passagem pela terra”, afirma.
Do Ribatejo só leva boas recordações e algumas pessoas no coração: “Fiz muitos amigos no tempo que passei por cá. As pessoas desta região são muito simpáticas e estão sempre com um sorriso no rosto”, afirma, também ele a sorrir.
Thierry Ferreira é o mais experiente dos três artistas. É português mas nasceu em França, onde viveu até ter vindo, há 20 anos, para a terra dos seus avós em Alcobaça. Em França trabalhava em campos de golfe como vendedor, embora andasse sempre de lápis na mão para não perder o jeito.
Segundo Thierry, o processo mental de um artista, no seu caso, é verdadeiramente caótico. “Este trabalho exige que esteja constantemente a viajar para sítios onde encontremos energias que inspirem” refere. E garante que não se sente a fazer terapia quando está a trabalhar. “Se o sentisse estaria a desvalorizar o trabalho, embora muito do que faço seja baseado em memórias e sensações”, conta. Explica ainda que uma das suas melhores obras foi conseguida depois de várias visitas ao Hospital de Coimbra, por ter um familiar doente.
A maior obra de Thierry não é de pedra. “Há dois anos e meio nasceu a minha filha e hoje mais do que em mim penso nela”, afirma. Logo de seguida o jornalista perguntou-lhe como é que um escultor consegue ganhar a vida para o sustento da família. “Nem eu sei. Vive ao sabor da maré. Nas alturas em que não há trabalho vive a poupar o que se ganhou”, conclui.
O MIRANTE esteve em Rio Maior numa quarta-feira à tarde, a quatro dias do final da iniciativa, e pudemos ver em fase adiantada o trabalho de cada um dos artistas. O encontro acabou no domingo seguinte, com uma sessão de encerramento promovida pelo município.

Rio Maior foi capital da escultura em pedra

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