Sinais demasiado baixos são uma armadilha em Pernes
Os dedos de uma mão não chegam para contar o número de acidentes que aconteceram só este ano no entroncamento entre duas ruas na vila de Pernes. Os sinais direccionais ali colocados estão demasiado baixos e houve até quem já fosse parar ao hospital.
Há um conjunto de sinais direccionais, em Pernes, concelho de Santarém, que estão a provocar uma verdadeira dor de cabeça aos transeuntes. A dor de cabeça pode ser interpretada no sentido literal uma vez que, no último ano, foram já mais de meia dúzia as pessoas que ali bateram.
Alguns dos que bateram nos sinais denunciaram o caso à Junta de Freguesia de Pernes, mas ninguém apresentou uma queixa formal. Contactada por O MIRANTE a Infraestruturas de Portugal diz ter conhecimento da situação e que “irá em breve proceder à sua correcção”.
Luís Cruz é a vítima mais recente desta verdadeira armadilha. Na manhã de 3 de Dezembro, quando saía do Café Calhambeque, embateu no sinal e teve que levar seis pontos. “Distraí-me um pouco e quando dei por mim estava em cima da placa”, conta a O MIRANTE. Foi acudido pelo senhor da roulote de farturas estacionada no local que o levou até aos bombeiros. Dali seguiu de ambulância para o Hospital de Santarém onde foi suturado.
A proprietária do Café Calhambeque, Ana Cristina Simões, revela que até já reforçou o kit de primeiros socorros porque é ali que, por norma, são assistidos os que têm “um encontro imediato com os sinais”. Francisco da Paz acabou de tomar café e diz que também ele já foi vítima. “Foi no início do Verão, vim beber café e quando saí bati na placa. Foi a dona Ana que me ajudou. Abri um lenho na testa e na maçã do rosto”.
Jorge Carreira tem vista privilegiada para o entroncamento da Rua Viscondessa de Andaluz com a Rua Engenheiro António Dias (nome do troço da Estrada Nacional 3 que atravessa a vila), onde em ambas as bermas estão os conjuntos de sinais que indicam a direcção para as localidades de Tremez, Santos, Outeiro de Fora, Chã de Baixo e para o posto da GNR. Tem um gabinete de arquitectura e engenharia civil anunciado junto dos sinais e, mesmo perdendo visibilidade para o seu anúncio, pede que os sinais sejam levantados para que não haja mais acidentes. “É uma zona onde passam muitos peregrinos a caminho de Fátima e alunos da Escola D. Manuel I”, refere, acrescentando que todos temem que um dia aconteça um acidente mais grave.
Com as obras nos passeios a situação piorou
De fita métrica na mão Jorge mede a altura do sinal em relação ao passeio. São exactamente 140 centímetros quando, de acordo com indicações da Infraestruturas de Portugal, responsável pela via em causa, os sinais de direcção devem respeitar uma altura maior ou igual a 220 centímetros.
Ana Cristina Simões realça que a situação piorou desde que as obras de requalificação dos passeios os fizeram subir cerca de 12 centímetros, sem que tenha sido alterada a altura dos sinais. As obras decorreram entre 2018 e início de 2019 e foram da responsabilidade da empresa pública Infraestruturas de Portugal (IP). Alvo de várias críticas a IP informou na altura que as melhorias feitas eram as possíveis de acordo com a verba disponível.