“Entre o fascínio erótico das fardas e a fantasia do sexo a três”
Fardas e ménage à trois foram alguns dos fetiches que nos foram revelados por pessoas que abordámos nas ruas de Santarém no Dia Internacional do Fetiche, 17 de Janeiro. Com ou sem taras ou manias, a regra para manter a chama acesa numa relação parece ser muita imaginação e vontade de experimentar coisas novas.

Mara Rebelo
25 anos, Alcobaça
Um fetiche é uma ideia que criamos para nos satisfazer, digamos assim. Não são essenciais para manter a chama acesa numa relação, mas dão aquele “picozinho”. Pessoalmente não consigo resistir a uma farda. Nunca usei nenhum adereço sexual, nunca entrei em nenhuma sex-shop, nem andei lá por perto. O sexo já não é tabu, é uma coisa normal, não tenho qualquer problema em falar de sexo.

Gonçalo Serrador
41 anos, Santarém
Um fetiche é uma ideia que todos temos ou qualquer coisa que gostaríamos de realizar, a nível sexual. Acredito que toda a gente tem um, mas não considero que seja essencial para manter a chama acesa numa relação. Tenho um que é estar com duas mulheres, acho que no homem é um cliché. Sou uma pessoa de mente aberta e já utilizei adereços sexuais. Considero que o sexo não é tabu, principalmente nos grandes centros urbanos e com pessoas mais jovens. Mas há muitos sítios onde ainda é.

Susana Pestana
41 anos, Alpiarça
Alguma coisa que a pessoa imagina e que gostaria de fazer ou realizar a nível sexual é um fetiche. Considero-o essencial para manter uma relação bem viva. É preciso ter imaginação e vontade de querer realizar coisas novas. É possível que tenha um fetiche, mas não vou falar sobre isso, assim como não revelo se já usei algum adereço sexual. Já fui a uma sex shop e sou uma pessoa de mente aberta, dentro do possível. O sexo continua a ser um tema tabu que é preciso desmistificar.

Nuno Graça
37 anos, Santarém
Um fetiche é fazer coisas que sonhamos ou tencionamos fazer e podem ser bizarras ou não. É essencial numa relação porque é bom experimentar coisas novas. Se correr bem rimos, se correr mal não se volta a fazer. O meu fetiche é ver o Sporting como campeão. Quanto a sexo tenho uma mente aberta o quanto baste, já usei adereços sexuais, mas nunca entrei numa sex shop. Há dez anos para cá, o sexo deixou de ser tabu, é uma coisa normalíssima, mas acredito que para os mais velhos muitas coisas ainda sejam tabu.

“Os fetiches tornam o sexo mais interessante”
Fazer sexo na praia, no carro ou num elevador podem ser considerados fetiches e dos bons. A ideia é defendida por Nuno Melo, 38 anos, sexólogo no Centro de Psicologia e Desenvolvimento da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.
O psicólogo clínico considera que ter fetiches é saudável na medida em que vão contribuir para a variedade e qualidade da vida sexual assegurando sempre o respeito pelo próprio e pelo outro. “As pessoas que têm fetiches em que o objectivo é o de infligir sofrimento em si ou no parceiro devem conversar e avaliar bem a situação pois isso pode ter consequências muito negativas para a relação”, explica a O MIRANTE.
Nas consultas é muito comum utilizar o cinema e a literatura erótica como forma de apimentar as relações e intensificar e promover a variedade sexual. Na sua opinião, a sexualidade para ser agradável e saudável, depende das fantasias. O que não pode acontecer, segundo Nuno Melo, é que estes mecanismos comecem a substituir a pessoa/relação. “A pornografia, por exemplo, pode ser considerada um fetiche enquanto o consumidor não ficar fixado nela, ao ponto de só obter prazer e satisfação sexual desse modo”, refere.
Segundo Nuno Melo a pornografia é o fetiche mais comum nos pacientes que frequentam o seu consultório. O terapeuta conta que acompanhou um caso em que a ligação de um casal esteve perto de terminar por um dos parceiros ter substituído a relação pelo consumo excessivo de pornografia. “No mundo da pornografia os homens e as mulheres são perfeitos e isso não existe no mundo real. Isso leva a sexualidades muito frustrantes”, explica. No entanto, o psicólogo diz que a pornografia e a Internet podem ser benéficas dependendo do uso que se lhes dá.
Em jeito de conclusão diz que todos devem investir mais na comunicação como arma para a resolução dos problemas nas relações. “Os fetiches são saudáveis quando integrados num clima de comunicação e respeito mútuo”, conclui.
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