O executivo da Câmara Municipal de Mação, liderado pelo presidente, Vasco Estrela (PSD), iniciou, a 29 de Janeiro, a nova edição do projecto “Volta ao Concelho”. A iniciativa, que se realizou na freguesia da Aboboreira, procurou dar à população a oportunidade de expor os problemas e preocupações que, na grande maioria, não chegam aos gabinetes de quem gere as autarquias.
A jornada de trabalho, que durou todo o dia e foi acompanhada, em parte, por O MIRANTE, teve um registo informal, com Vasco Estrela a interagir com os populares que iam fazendo pedidos para verem os seus problemas resolvidos: estradas em mau estado, falta de iluminação nas ruas e inundações em habitações foram as queixas mais frequentes no tempo em que durou a visita.
Segundo Vasco Estrela, estas iniciativas são importantes porque responsabilizam o município, na medida em que, estando em contacto directo com as pessoas e tomando nota das suas necessidades, vai ser obrigados a arranjar soluções. “Estas iniciativas trazem-me sempre mais dores de cabeça”, afirmava, sublinhando que podia estar a visitar as obras que estão a ser realizadas, mas que prefere apontar as atenções para o que ainda não está a ser feito.
Os autarcas, que se transportaram nos seus próprios carros durante todo o dia, visitaram também algumas das empresas locais. “É importante que o município interaja com os empresários, porque são eles que fazem a economia do concelho andar para a frente”, explicava Vasco Estrela a O MIRANTE.
O dia de trabalho terminou com um encontro que colocou frente-a-frente o executivo e a população, realizado no pavilhão da Associação Recreativa e Cultural de Chão de Codes. Cada uma das cerca de 30 pessoas presentes na sessão usou da palavra, sempre num clima aberto e com Vasco Estrela a tomar notas e a esclarecer os munícipes que o iam pondo à prova.
A acompanhar Vasco Estrela durante a visita estiveram os vereadores António Louro, Vasco Marques, Margarida Lopes (PSD) e o vereador da oposição Nuno Barreta (PS).

Nem tudo são boas notícias
Enquanto decorreu a sessão de esclarecimentos do executivo à população foram levantados alguns problemas que deixaram o executivo camarário com mais trabalho pela frente. Os estradões (estradas de terra batida) que servem de caminho para as propriedades dos agricultores da freguesia de Aboboreira estão intransitáveis e são a maior preocupação para quem vive do que cultiva. Os incêndios que arrasaram o concelho nos últimos três anos têm destruído os acessos, muito por culpa dos madeireiros que, na recolha das árvores ardidas, deixam o piso em mau estado.
Vasco Estrela afirma que não há muito a fazer em relação ao assunto e que as tragédias que se têm feito sentir impossibilitam a autarquia de arranjar solução para o problema, mas que vão procurar amenizá-lo.
Em jeito de desabafo, Margarida, uma das presentes na audiência e residente na freguesia, afirmava que o seu maior medo é que a sua aldeia, um dia, deixe de existir e desafiou Vasco Estrela a colocar em prática um plano estratégico de intervenção urgente no concelho.

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Depois dos fogos o que falta refazer em Mação vai levar décadas

Os fogos que nos últimos anos dizimaram a floresta em Mação estão a marcar de forma dramática a vida da população residente nas freguesias, com graves consequências para a sua qualidade vida e em alguns casos para a sua subsistência.
O presidente da Câmara de Mação começou uma volta pelas freguesias para ouvir as principais queixas dos seus munícipes e o que O MIRANTE testemunhou devia ser guião de um filme: os incêndios destruíram quase tudo e a actividade de limpeza das florestas está a complicar ainda mais o regresso a uma vida normal que dependia muito da subsistência de pequenos negócios e de pequenas explorações agrícolas em territórios já de si pobres que, com os incêndios, ficaram ainda mais pobres, assim como da criação de gado para sustento das famílias, já que uma grande parte da população é idosa e sobrevive de pequenas reformas.
No encontro do presidente da câmara com a população local, no final do dia de trabalho, foi notória a preocupação da população em pedir ajuda à autarquia para arranjar as estradas de terra batida que facilitam o escoamento dos produtos agrícolas e não só. Foi visível no rosto, e em parte do discurso de Vasco Estrela, a responsabilidade que vai ter que assumir de levar para o terreno máquinas que ajudem a reformar os acessos e as estradas de forma a que a população não sinta que, muitos anos depois das conquistas que chegaram com o 25 de Abril de 1974, volte ao tempo da pobreza franciscana e fique dependente da caridade se não aceitar morrer de fome e de frio onde muitas vezes não chega o sinal da televisão ou a distribuição de produtos alimentares.