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Há falta de afecto em Azambuja e no Politécnico de Santarém

Imprescritível Manuel Serra D’Aire

O município de Azambuja aderiu ao movimento Cidade dos Afectos e o presidente da câmara, o socialista Luís de Sousa, referiu na cerimónia protocolar que é preciso combater a violência e promover o respeito e os afectos nas relações pessoais, sociais e profissionais (das relações políticas não falou, talvez por achar que não vale a pena perder tempo com uma impossibilidade).
Concordo e compreendo perfeitamente o autarca em valorizar a importância dos afectos. Diria mesmo que esta adesão à Cidade dos Afectos e a difusão da mensagem que lhe está subjacente vem no momento certo, pois é grande a contestação em Azambuja por causa do fedorento aterro que funciona às portas da vila. Mas parece-me que só dar afectos aos moradores que têm que conviver com o pivete é capaz de não chegar. E dar afecto aos promotores do aterro é capaz de não ser grande ideia, não vá a coisa piorar...
Aliás, na mesma sessão, um dos fundadores do movimento Cidade dos Afectos disse que os afectos são a melhor resposta para os problemas do dia-a-dia, além de serem um aliado na melhoria da saúde e qualidade de vida. Isso pode ser verdade no plano teórico, mas infelizmente não se aplica na prática. Como seria bom, por exemplo, poder com uma simples saudação afectiva e calorosa, dirigida ao banco onde contraí crédito à habitação, pagar a prestação mensal da casa e ficar com esse problema resolvido; ou com um abraço efusivo ao homem do talho saldar a sacada de carne que levo para a semana. Isso, sem dúvida, melhoraria substancialmente a minha saúde financeira e a minha qualidade de vida...
Sempre gostei de jogadas de bastidores, daquela política sub-reptícia que se faz longe dos holofotes, em restaurantes discretos, sótãos ou caves. Vem isto a propósito do estardalhaço que vai no Politécnico de Santarém, com os directores das escolas a quererem destituir o presidente do instituto, numa manifestação pública de falta de afecto.
Obviamente, como em quase tudo na vida, por detrás do Golpe de Estado estão duas das três coisas que os homens (e as mulheres) mais gostam: dinheiro e poder. Os directores da escola que ajudaram a eleger o presidente do Politécnico são agora os mesmos que lhe querem tirar o tapete, por não concordarem com os cortes que ele quer implementar por imposição do Governo. E como ninguém gosta que lhe cortem na ração, nem que digam o que deve fazer na sua casa, temos o baile armado.
O deputado do PSD Duarte Marques é um jovem que gosta de aparecer no círculo mediático e de botar faladura sobre tudo e mais alguma coisa, sendo muitas vezes uma voz importante na denúncia de problemas na região ribatejana. Talvez por isso (ou talvez não), um jovem companheiro de partido decidiu ir ao recente congresso do PSD propor ao presidente do partido o nome de Duarte Marques como candidato à Câmara de Abrantes. Uma proposta que o jovem político de Mação parece ter digerido com alguma azia, por não gostar de ver o seu nome badalado à sua revelia. Amor com amor se paga, diriam os mais irónicos...
Um afectivo abraço do
Serafim das Neves

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