Encarregado geral da Câmara da Chamusca desterrado para o campo de jogos
O executivo da Câmara da Chamusca, liderado por Paulo Queimado (PS), desterrou para um gabinete das instalações do campo de jogos da Chamusca o único encarregado geral da autarquia. Já lá vão quase dois anos que Fernando Brás está sem trabalhar por culpa do “patrão”, embora recebendo o ordenado a tempo e horas.
Um dos trabalhadores mais antigos da Câmara da Chamusca, Fernando Brás, 57 anos, está de ‘quarentena’ num gabinete das instalações do campo de jogos da União Desportiva de Chamusca, que fica quase no meio da charneca, onde não se passa nada. O funcionário tem computador mas não tem Internet. Foi para lá há cerca de dois anos para gerir umas obras que iam começar naquele espaço mas até agora as obras não começaram.
Aparentemente foi só um pretexto para o retirarem do antigo gabinete onde desempenhava o cargo de encarregado geral. Desde essa altura que faz a gestão do seu tempo de trabalho sem trabalhar. O único encarregado geral da Câmara da Chamusca só precisa de gerir o seu tempo morto já que não tem trabalho nem qualquer responsabilidade atribuída.
Fernando Brás trabalha na Câmara da Chamusca desde 1979. Chegou a encarregado ainda no tempo da presidência de Sérgio Carrinho. Há cerca de dois anos a vice-presidente da Câmara da Chamusca, Cláudia Moreira (PS), chamou-o e anunciou que seria ele a dirigir umas obras que iam começar no campo de jogos da Chamusca. Nestes dois anos nunca mais houve obras nem lhe deram qualquer justificação para o facto de o terem desterrado para um gabinete, num campo de jogos, quase no meio do mato, sem qualquer função ou responsabilidade.
Fernando Brás diz que não sabe quem depende dele, uma vez que ainda exerce o cargo de encarregado geral, ou sequer quem é o seu chefe, porque nestes últimos tempos ninguém o procurou ou lhe pediu responsabilidades. Trabalha num gabinete a um cantinho de uma sala, isolado, e desde que foi para aquele espaço nunca mais foi chamado para nada; continua a ter a profissão de encarregado geral mas não vai a formações, nunca mais entregou um papel nos recursos humanos da autarquia, tem um telemóvel da autarquia mas não tem acesso a dados móveis; a única coisa boa que lhe acontece verdadeiramente é o ordenado a tempo e horas na sua conta bancária.
Depois da denúncia deste caso por um outro funcionário da autarquia, que diz que a Câmara da Chamusca é governada por “duas pessoas que não são deste mundo embora vivam juntas, e aparentemente muito felizes”, Fernando Brás disse a O MIRANTE que não pode deixar de responder às nossas perguntas porque o assunto é “público e notório”, e que sabe muito bem que um dia isto vai ter um desfecho porque não se “engaveta” assim, sem consequências, o encarregado geral de uma instituição como uma câmara municipal.
Até ao desfecho, que espera que seja pacífico, limita-se a cumprir ordens. “Nunca ouvi uma repreensão, nunca me dirigiram uma má palavra, nunca aconteceu nada que justifique uma coisa destas”, disse a O MIRANTE, numa breve conversa ao telefone, o funcionário da câmara que ganha um vencimento de cerca de mil e duzentos euros.