Vila Franca de Xira não vai esconder a tauromaquia dos turistas
As raízes taurinas e as festas do Colete Encarnado são a maior marca identitária do concelho e devem ser promovidas e divulgadas, defendeu na última semana o presidente daquele município, em jeito de recado para a Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa.
A tauromaquia é uma marca e raiz cultural de Vila Franca de Xira, faz parte da sua identidade e por isso não pode ser esquecida, escondida ou desvalorizada, mas antes promovida e projectada nacional e internacionalmente. A ideia foi deixada por Alberto Mesquita, presidente daquele município, durante o lançamento da campanha de gastronomia “Março Mês do Sável”, em jeito de recado à Entidade Regional de Turismo da Região de Lisboa (ERT-RL), que anunciou a sua intenção de nos próximos quatro anos apostar no turismo de natureza naquele concelho.
“Cada um pode ter os seus gostos mas não deve impor esses gostos aos outros. Vamos encontrar o nosso próprio caminho e continuar a promover a nossa terra através da tauromaquia, da lezíria e do toiro. Não vejo porque devemos esconder a tauromaquia. Antes temos de a projectar cada vez mais”, vinca Alberto Mesquita.
O presidente da ERT-RL, Vítor Costa, garante a O MIRANTE que a entidade que dirige não tem qualquer vergonha de promover uma festa de cariz taurino como é o Colete Encarnado. “Cada um de nós pode ter a sua opinião sobre isso e entre os turistas há quem goste e não goste. Não actuamos com base em opiniões ou preconceitos. As coisas existem e são o que são. Não foi o centro das nossas preocupações nem tivemos nenhuma questão relacionada com a tauromaquia na elaboração do nosso plano estratégico. Mas é este pólo ligado à reserva natural do Tejo e às tradições locais que vamos promover”, explica.
A Entidade Regional de Turismo apresentou recentemente o seu plano estratégico e agora vai ser criado um grupo de trabalho para começar a definir acções a implementar nos próximos quatro anos visando a promoção turística daquele concelho. Para Vítor Costa um dos principais problemas no concelho é a falta de unidades hoteleiras. “Sem hotéis e alojamento não há turistas, só visitantes. Temos dado essa mensagem aos investidores de que a hotelaria é uma boa oportunidade de negócio”, frisa.
Hotéis no horizonte e sável à mesa
Alberto Mesquita explica que tem havido nos últimos anos “manifestações sérias” de diversos empresários visando a construção de “duas ou três” unidades hoteleiras no concelho nos próximos anos. Se vão ou não avançar o capital privado o dirá. “A única unidade hoteleira que temos está sempre cheia por isso acredito que apostar nos hotéis é um bom negócio”, defende.
O autarca diz-se esperançoso que o novo plano estratégico traçado pela ERT-RL possa ser bom para o seu território mas garante que a câmara municipal continuará a apostar, por si só, na promoção turística. “A marca Lisboa é muito importante e queremos que inclua Vila Franca de Xira. Queremos oferecer qualidade e que quem venha fique admirado com o que podemos oferecer. Se não apostarmos na qualidade não conseguiremos atrair ninguém”, defendeu.
Durante o mês de Março duas dezenas de restaurantes de todo o concelho vão participar na campanha gastronómica alusiva ao sável frito com açorda de ovas, um prato típico da região e com foco na comunidade avieira. Mas haverá restaurantes a inovar e a propor, por exemplo, cabidela de sável e sável com risoto de ovas. No último ano foram servidas nesta campanha nove mil refeições, mais meio milhar que no ano anterior. A expectativa do autarca é que esses valores sejam superados em 2020. “É um prato que nos transporta às raízes da nossa terra e das nossas gentes”, recorda Alberto Mesquita.