“Vendas de carros melhoram quando o Benfica é campeão”
José Silva teve vários empregos até descobrir o que realmente lhe dava prazer fazer. Sempre gostou de carros e há cerca de dois anos abriu a LZ Car Solutions, em Abrantes, com o seu sócio. Gosta de viver em Abrantes por ser uma cidade pequena e tranquila. Foi para a tropa por decisão própria e considera que o serviço militar deveria ser obrigatório, tanto para homens como para mulheres. Diz que os carros eléctricos não são o futuro e que os salários baixos em Portugal prejudicam o desenvolvimento da economia.
Tive vários empregos até descobrir o que realmente gostaria de fazer. Comecei a trabalhar com 18 anos em fábricas em Abrantes. Ao mesmo tempo frequentei durante cinco anos a licenciatura em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) mas nunca cheguei a terminar. Percebi que não era a área que queria. Trabalhei no Instituto Politécnico de Tomar, na área administrativa, mas estar todo o dia sentado a uma secretária em frente ao computador também não dava para mim.
Gosto mais da tranquilidade de Abrantes. Tirei o curso profissional de Técnico de Gestão em Setúbal, onde a minha mãe vive. Gostei de lá viver mas prefiro Abrantes. É mais sossegado e gosto de viver num local tranquilo. Temos mais qualidade de vida. Continuo a visitar Setúbal mas gosto mais de regressar a casa.
Fui para a tropa por decisão própria e foi uma grande escola de vida. Foi lá que tive maior contacto com mecânica através dos carros de combate e tanques. Estive lá seis anos. Nos primeiros dois ainda ponderei concorrer aos quadros mas depois percebi que seria melhor sair. Quando fui para Santa Margarida éramos três mil pessoas, quando saí éramos 500. Menos pessoas faz com que se perca qualidade naquilo que fazemos e o trabalho aumenta.
O serviço militar deveria ser obrigatório para homens e mulheres. Fiz os primeiros seis meses de formação no Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) em Abrantes. Recordo-me que no primeiro dia havia rapazes que não levavam o cabelo cortado. Não deviam saber para onde é que iam (risos). Alguns deles, quando foi para cortar o cabelo desistiram e foram-se embora. Houve outros que depois da primeira noite também optaram por desistir.
Sempre tive interesse em carros mas nunca pensei trabalhar na área. Antes de vender carros gostava de fazer test-drives aos veículos novos que apareciam no mercado. Gostava de perceber como funcionava a mecânica de cada um. Comecei a vender carros através da Internet, com o meu sócio-gerente, mas com tantas burlas que houve optámos por criar um espaço físico onde temos as viaturas em exposição. As pessoas preferem primeiro ver o carro e só depois comprar.
Os carros eléctricos não são o futuro. A maior parte das pessoas que vive nas grandes cidades mora em apartamentos e não é fácil carregar os veículos. Além disso, os carregamentos, que ao início eram grátis, estão cada vez mais caros. Nas áreas de serviço já se paga 15 euros por uma carga. Acho que o futuro continua a ser o diesel porque cada vez polui menos e os carros a gasolina também vão continuar no mercado.
O preço dos combustíveis é elevado mas o principal problema está nos nossos ordenados, que são baixos. Somos dos países da União Europeia com os salários mais baixos e isso reflecte-se no poder de compra. Mesmo que tivéssemos ordenados iguais aos de Espanha, por exemplo, o país não iria à falência e talvez houvesse um maior desenvolvimento da nossa economia.
Nos tempos livres vou ao ginásio mas também gosto de comer bem. Faço exercício físico para compensar o que gosto de comer (risos). O desporto faz-me bem para limpar a mente do stress e dos problemas do dia-a-dia. Também aproveito os momentos de lazer para estar com a minha filha, de dez anos.
Acredito que o país fique mais motivado quando o Benfica ganha campeonatos e sinto que as vendas melhoram nessa altura. Nós sentimos isso. As pessoas parece que ficam mais predispostas a comprar quando o Benfica ganha no futebol. Sou do Benfica por simpatia porque o meu pai é fanático pelo clube. Não ligo a futebol e não vou ao estádio. Vejo alguns jogos mas não discuto os lances do jogo.
Adoro comida italiana a acompanhar com um bom vinho. No Verão não resisto a caracóis ou moelas acompanhados por uma imperial. Não sou grande especialista a cozinhar. Gosto mais de comer do que ter que estar entre tachos e panelas.