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O Carnaval das crianças e o enterro do Entrudo dos castrados!

Zombeteiro Serafim das Neves

Em Vila Franca de Xira uma varanda de um pacato senhor foi ocupada, durante dois anos, por cabos que uma empresa de telecomunicações por lá foi colocando em estilo estendal da roupa pós-moderno. Já vi uma fotografia e estou fascinado. Se queres que te diga, há instalações artísticas feitas por tipos famosos, que ficam bastantes furos abaixo daquilo.
Cheio de curiosidade e paciência, o simpático cidadão foi assistindo fascinado à montagem do cablame todo para ver até onde poderia ir a criatividade daquela gente. De início ainda saía para a varanda para ver a obra mas a partir de certa altura, como o material já lhe impedia a passagem, passou a descer à rua para poder acompanhar o trabalho, ou o cabo dos trabalhos, como preferires.
Num dia em que acordou sem grande inclinação para as artes o pacífico dono da varanda decidiu reclamar e foi aí que se confrontou com a dura realidade. Aquilo não era arte mas apenas invasão selvagem de propriedade privada, por uma tal Altice, não confundir com Alice, que face aos protestos, ainda lhe deu no toutiço.
Explicaram-lhe que a coisa avançou por culpa dele. Porque nunca tinha reclamado pois, como se sabe, quem cala consente. Ou seja, continuasse ele a consentir e, um dia destes, os cabos começariam a entrar pela casa toda e era bem possível que ele tivesse que ir viver para a rua, contribuindo para o aparecimento de mais um sem-abrigo.
Faço uma pausa para dizer que o aparecimento de mais um sem-abrigo em Vila Franca de Xira, ou o aparecimento do primeiro sem-abrigo, até nem era mau. É que assim sempre lhe poderiam organizar um concerto de solidariedade com uns músicos que, por nunca terem muito que fazer, estão sempre disponíveis para dar uma mãozinha... ou fazer, uma perninha.
Adoro concertos de solidariedade. Gosto de observar a disponibilidade imediata de artistas locais, alguns dos quais com vários discos gravados e com passagem por aqueles programas de televisão que andam de terra em terra a oferecer dez mil euros em cartão a quem se dispuser a gastar dinheiro em chamadas de valor acrescentado para participar no concurso.
Voltando ao tema dos cabos na varanda não percebo porque é que os cidadãos hostilizam cada vez mais políticos, polícias e funcionários de repartições públicas. A Câmara de Vila Franca de Xira tinha aprovado um regulamento a proibir a colocação de cabos em varandas, janelas e paredes alheias e por isso, autarcas, fiscais e outros maiorais, dormiam tão descansados. Fazer uma lei, um regulamento, um decreto, dá cá uma sensação de bem-estar...
A seguir ao Carnaval na Quarta-Feira de Cinzas soltava-se a má-língua em algumas terras em funerais desbragados, que desfilavam ao ritmo de quadras de mal dizer, que serviam para lavar a roupa suja de cada comunidade. Mas eis que o politicamente correcto entrou por aí, como as fotos de gatinhos fofinhos o Facebook e os enterros do Entrudo foi p’ró carvalho. É o que faz as câmaras e juntas de freguesia meterem o bedelho e o subsidiozinho em certos cus delicados!
Aquela coisa dos políticos dizerem que aceitam as críticas, desde que sejam construtivas e dos que se queixam ao Ministério Público, de ataques ao bom nome que nunca tiveram, é mais potente que a tal castração química... oh muito mais potente!!! Quem vai na cantiga nunca mais entesa!!!
Saudações de pau de marmeleiro
Manuel Serra d’Aire

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