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“Cortes orçamentais não podem comprometer o funcionamento das escolas”
Vítor Costa, director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém

“Cortes orçamentais não podem comprometer o funcionamento das escolas”

O director da Escola Superior de Gestão e Tecnologia de Santarém, Vítor Costa, foi um dos apoiantes e impulsionadores da candidatura de José Mira Potes à presidência do Politécnico de Santarém, há dois anos.

Agora, foi um dos muitos dirigentes de escolas que pediu a destituição do presidente do instituto, que acabou por se demitir. Nesta entrevista explica porquê.

N uma conversa a pedido de O MIRANTE, quatro dias depois de José Mira Potes se ter demitido da presidência do IPSantarém, Vítor Costa disse acreditar que serão encontradas soluções para proceder, de forma racional e sustentada, aos necessários ajustamentos financeiros para reduzir o défice do instituto num milhão de euros por ano. Desmentiu a ideia de que tenha sido o mentor desse movimento contestatário e garantiu-nos que não vai ser candidato à liderança do IPSantarém: “Não tenho essa pretensão e espero que seja encontrado alguém que reúna consenso institucional”.

Foi um dos principais apoiantes da candidatura de José Potes à presidência do IPSantarém e agora esteve entre os que pediram a sua destituição. O que mudou assim tanto em apenas dois anos?

Fui realmente uma das pessoas que apoiou a candidatura do professor Potes à presidência, com a expectativa de haver mudanças profundas em relação à orientação do instituto. Como isso não se verificou, progressivamente houve um afastamento em relação à liderança do instituto.

Que mudanças profundas é que preconizavam e não se verificaram?

Basicamente havia o compromisso ou a ideia de pôr o instituto ao serviço das escolas, de ser um instituto de escolas. Era aquilo que dava corpo e distinguia a candidatura. Verificámos que esse lema foi deixado para trás e essa preocupação nunca passou para o papel. Progressivamente os directores deixaram de se rever na actuação da presidência.

Houve alguma medida em concreto que tenha levado a esse afastamento ou foi uma situação gradual, ao longo do tempo?

Talvez não tenha sido por alguma medida em concreto, talvez tenha sido pela falta de medidas.

Situação que veio a agravar-se com este plano de ajustamento orçamental apresentado pela presidência do IPSantarém, por imposição do Governo.

O plano de ajustamento terá sempre de ser feito e os directores estão empenhados em fazer os ajustes necessários e que são urgentes. Mas não podemos “deitar fora o bebé com a água do banho”. Esses cortes não podem comprometer o normal funcionamento e desenvolvimento da instituição.

É possível fazer esses cortes sem afectar o funcionamento das escolas?

Terá que ser estudado. Poderão fazer-se ajustamentos dos custos com pessoal, dos custos de funcionamento, das despesas de capital e de investimento, das escolas, dos serviços centrais, dos serviços de acção social. É preciso perceber onde é que podemos fazer ajustamentos sem pôr em causa o desenvolvimento e o futuro das instituições.

Não era possível implementar esses ajustes com José Potes na presidência do IPSantarém?

No decurso do processo esse afastamento que se foi verificando levou a uma quebra de confiança. Houve uma posição colectiva materializada num documento crítico subscrito por todos os directores de escolas, por todos os sub-directores, por todos os presidentes dos conselhos pedagógicos e por todos os presidentes dos conselhos científicos e por todos os professores que têm assento no conselho geral.

Tendo o IPSantarém um défice anual crónico de 1,4 milhões de euros, da responsabilidade do ministério, em que medida é que o presidente do IPSantarém é responsável por essa situação?

Há duas componentes. Há uma que é o défice de 1,4 milhões de euros que se arrasta desde 2013 ou 2014. Mas, no ano transacto, além desse défice ainda houve um aumento de mais um milhão de euros. O défice no ano passado foi de 2,4 milhões euros, situação que nunca aconteceu em anos anteriores e que nunca foi cabalmente explicada.

E se o próximo plano de ajustamento implicar novamente cortes acentuados no financiamento das escolas? Haverá novamente contestação?

As escolas saberão acomodar aquilo que for preciso para o seu equilíbrio orçamental sem comprometer o futuro. O que podia afectar o futuro da instituição seria uma situação que se arrastasse e não levasse a uma solução concreta. Muitas vezes na vida é preciso dar um passo atrás para depois dar dois em frente.

“Cortes orçamentais não podem comprometer o funcionamento das escolas”

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