Os sócios do Centro de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (CBEI) chumbaram um voto de confiança na actual direcção na última assembleia-geral, realizada a 22 de Fevereiro, e pediram a marcação de uma nova assembleia-geral extraordinária para destituição dos órgãos sociais.
A sessão foi tensa e ficou marcada por momentos em que houve elevação do tom de voz. A direcção liderada por Gil Teixeira foi reeleita em Dezembro mas os problemas financeiros da instituição estão a gerar tensões e agora alguns sócios querem que a direcção se demita e dê lugar a outros elementos. A direcção já frisou que não se vai demitir e o braço de ferro está para durar.
No sábado marcaram presença mais de 150 sócios na assembleia-geral onde a direcção apresentou um plano com medidas estratégicas para resolver os problemas do CBEI, onde se incluem a criação de uma clínica de neuro-desenvolvimento, reabilitação e terapia, novos serviços de apoio domiciliário e centro de dia para idosos. Alguns trabalhadores seriam alocados das actuais funções para as novas tarefas nestes projectos.
Para a actual direcção, este plano estratégico é vital para o futuro do CBEI, já que o número de utentes nas valências da infância tem vindo a cair nos últimos anos, são cada vez mais os pais sem dinheiro para pagar as mensalidades e os apoios da Segurança Social são magros para as elevadas despesas.
A maioria dos sócios não gostou e continua a defender que a instituição se foque exclusivamente na área da infância. O voto de confiança na direcção para implementar as soluções apresentadas foi rejeitado com 81 votos contra e 18 a favor. Depois foi ainda apresentado um requerimento para destituir os órgãos sociais e um abaixo-assinado com mais de 500 assinaturas a pedir o afastamento dos órgãos eleitos. Face à votação, a direcção prometeu pedir à Segurança Social uma alteração do plano estratégico.

CBEI pede socorro à Segurança Social
A maioria dos sócios ausentou-se antes do final não tendo participado na votação. O CBEI vai enviar nos próximos dias para a Segurança Social um pedido de ajuda no âmbito do Fundo de Socorro Social e estão previstas novas reuniões entre a instituição, a Segurança Social, câmara municipal e sindicatos.
Os 82 trabalhadores continuam sem receber os salários de Janeiro e o mês de Fevereiro ainda é uma incógnita. A situação na instituição é “muito delicada”, reconheceu na última semana o presidente da câmara, Alberto Mesquita, que voltou a pedir contenção e discrição no assunto. “Há um alarido muito estranho no CBEI, só espero que isso ajude a resolver e não a complicar. Mas não vai ser fácil e vão ser precisos muitos sacrifícios”, avisa.