Está o “caldo entornado” mais uma vez no processo de escolha do futuro aeroporto de Lisboa
A comissão técnica independente que está a estudar a localização do novo aeroporto de Lisboa acrescentou por sua iniciativa mais uma hipótese às já existentes e que combina Alcochete com Portela. A ideia da comissão foi criar "uma solução que permita uma comparação com as opções que envolvem a localização de Santarém”.
Maria do Rosário Partidário, a líder da comissão técnica independente criada pelo Governo para apoiar a decisão política relativa à escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa, deu hoje uma entrevista ao jornal Público onde afirma que a comissão à qual preside apresentou uma solução “Portela como aeroporto principal com o Campo de Tiro de Alcochete como complementar”. A professora catedrática, especialista em gestão do território, afirma na entrevista que a comissão tomou a iniciativa de apresentar esta proposta “por uma questão de coerência”. O objectivo, segundo diz ao jornal Público, “é ter uma solução que permita uma comparação com as opções que envolvem a localização de Santarém”.
Ao longo do dia, O MIRANTE ouviu alguns técnicos e políticos da região de Santarém, que conhecem bem o dossier, e até agora só encontramos “incredulidade”; foi a palavra que mais ouvimos e registamos; e se as palavras tivessem música de fundo, registavam alguns sorrisos e gargalhadas. Para alguns dos nossos interlocutores, que pediram para não serem identificados, Maria do Rosário Partidário está a fazer jus ao seu nome para ficar na história. “Pode ser legal o que a comissão está a fazer, mas eticamente é uma monstruosidade, e revela bem o país que temos, e até que ponto as pessoas se expõem ao ridículo, e desacreditam a política e os políticos”, diz uma das nossas fontes que admite que para ele “o novo aeroporto complementar ao da Portela até pode ser em Leiria”, recordando que nos últimos dias o presidente da câmara local avançou com uma proposta para que Monte Real seja considerada nas opções da comissão, o que já foi aceite.
Para já há nove soluções em cima da mesa, e uma delas foi apresentada pela própria comissão independente nomeada pelo governo, o que está a criar um burburinho que, no entanto, ainda não passou para o debate público a confiar naquilo que registámos ao longo do dia.