Sociedade | 14-01-2024 07:00

Autarcas e população de Tomar querem o rio Nabão sem poluição

Autarcas e população de Tomar querem o rio Nabão sem poluição
População e autarcas de Tomar pedem punições para quem poluiu o rio Nabão, um dos ex-líbris da cidade

O rio Nabão é considerado um dos rios mais bonitos da região ribatejana e um dos ex-libris que atravessa a cidade de Tomar. No entanto, os constantes episódios de poluição que acontecem no rio há décadas geram preocupação na população, que afirma querer ver o rio limpo e punições para quem o polui.

Adam Lagley (na foto) e Mara Oliveira fazem pesca magnética para participarem na preservação do rio através da sua limpeza

O rio Nabão tem vivido, ao longo de várias décadas, episódios negros de poluição que não passam ao lado da população e dos autarcas do concelho, que exigem punições severas para quem poluiu, nomeadamente a indústria, mas cujos castigos tardam em aparecer. O MIRANTE esteve no centro histórico e no Jardim do Mouchão para falar com tomarenses sobre as memórias que têm do rio “antigo” e o seu estado.
Francisco Faria, 72 anos, é um ex-dirigente associativo, nascido e criado em Tomar, que confessa ser um defensor acérrimo do Nabão tendo inclusive ajudado a escrever um livro sobre o rio. Em conversa com o nosso jornal começa por recordar a infância quando o rio era “limpinho”, a água era “clarinha” e viam-se os peixes a nadar. Nessa altura, o rio era utilizado para várias actividades como natação, rega das hortas, lavagem de roupa e havia rodas como a do Mouchão espalhadas ao longo rio. Francisco Faria recorda quando a mãe lavava roupa no rio. “Chegávamos lá e estavam dez lavadeiras a lavar sacos de linhagem e tinham um pau comprido onde depois metiam os sacos a enxugar”, relembra. “As pessoas aprendiam a nadar no rio, fui uma delas”, conta, acrescentando que o indivíduo que deu o nome às piscinas Vasco Jacob, que na altura não existiam, ensinava as crianças a nadar com cordas penduradas nas árvores.
O Açude de Pedra era uma praia fluvial onde se juntavam muitas pessoas. Nessa altura também se alugava barcos para passear por 25 tostões, continua. “A água do rio quase que se podia beber”, afirma, com um sorriso. Hoje, o cenário é bem diferente. A praia já não existe e as crianças não vão a banhos como iam porque os pais têm medo que lhes aconteça alguma coisa. Francisco Faria salienta, no entanto, que o rio já esteve mais poluído no tempo em que várias indústrias laboravam no concelho, embora reforce que a principal fonte de poluição actualmente é o mau funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Seiça. “O Nabão é um rio maravilhoso se não o estragarem, é o rio mais bonito da região e é o que dá vida à cidade. É o sangue da cidade e devia de ser mais cuidado”, frisa. “Queremos ver o rio Nabão limpo e sem poluição”, conclui.

15 trotinetes pescadas no Nabão
Maria Oliveira vive em Tomar há 28 anos e também é uma tomarense que se dedica à preservação do Nabão. O MIRANTE encontrou-a a fazer pesca magnética, que implica retirar resíduos metálicos do rio, com o namorado Adam Lagley, natural de Inglaterra, que foi quem lhe apresentou esta prática muito utilizada nos Estados Unidos da América e nos Paises Baixos. O casal faz pesca magnética em várias cidades de Portugal com o objectivo de contribuir para a limpeza dos rios. “O rio Nabão é um ponto mais emblemático da cidade de Tomar”, afirmam, dando conta, em jeito de curiosidade, que já encontraram 15 trotinetes durante a sua actividade.
Apesar de ser um dos rios menos poluídos a nível de ferro Mara Oliveira lamenta os episódios onde o rio aparece com cor acastanhada e que, tudo indica, revelam a existência de descargas poluentes por parte da indústria. Como cidadã preocupada com ambiente, afirma que quem contribui para a poluição devia ser punido e que a câmara municipal podia ter mais acção nesse sentido, nem que seja insistindo com as autoridades vencendo-as pelo cansaço.

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