Sociedade | 09-03-2025 15:00

Escola de Desenvolvimento Rural de Abrantes é um caso de sucesso no meio da Natureza

Escola de Desenvolvimento Rural de Abrantes é um caso de sucesso no meio da Natureza
Leonor Gonçalves, Rita Ganhão, João Dias e Maria Inês Silva estudam na EPDRA, escola que é dirigida por Marly Serras

Todos os anos vários jovens ingressam na Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes que, por estar localizada num local remoto do concelho, em Mouriscas, é encarada por muitos alunos como um refúgio, onde podem aprender e conviver tranquilamente junto da Natureza.

Fundada em 1989, a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Abrantes (EPDRA) tem actualmente 156 alunos e muitos afirmam que a escola é um dos locais mais tranquilos e deslumbrantes onde já tiveram a oportunidade de estudar e aprender. Localizada a cerca de um quilómetro do centro da aldeia de Mouriscas, na Herdade da Mordeira, o caminho até à escola é percorrido por uma estrada sem passeios, vendo-se vários alunos a percorrer a estrada com trotinetes e bicicletas. Em conversa com O MIRANTE, alguns estudantes afirmam que conheceram a EPDRA através de recomendações de familiares e amigos, como é o caso de Maria Inês Silva, de 16 anos, que afirma ter descoberto a escola através do seu professor de equitação, que foi um ex-aluno.
A jovem, natural de Samora Correia, no concelho de Benavente, está no segundo ano do curso Técnico de Gestão Equina e está a viver numa casa alugada em Mouriscas. Apesar de viver longe da família, Maria Inês salienta que adora estudar na escola e que a adaptação foi tranquila. “Já estava preparada para o que vinha e os professores e funcionários são muito acolhedores e ajudam no que for preciso. Somos todos muito chegados e todos os dias nos conhecemos cada vez melhor”, afirma.
João Dias, natural da Sertã, também concorda que estudar na EPDRA foi das melhores decisões que já tomou e que a escola é como uma segunda casa. O aluno do segundo ano do curso Técnico de Gestão Agropecuária explica que apesar de a escola estar longe dos centros urbanos, é por essa mesma razão que serve como um refúgio do mundo exterior e que o ambiente tranquilo do espaço faz com que estudar não seja uma tarefa difícil de concretizar. “Quando chegamos cá deparamo-nos com um ambiente um bocado fora da caixa, mas no meu ponto de vista acho que se estuda melhor aqui do que num grande centro urbano, pois não há tantas distracções. Também saímos com colegas e descontraímos no nosso tempo livre, mas todo o ambiente proporciona a que estejamos focados nos estudos”, refere.
Marly Serras, directora da EPDRA, confirma o sentimento transmitido pelos alunos e diz que para os jovens ligados ao mundo da agropecuária é uma mais-valia poderem estudar num espaço “tão pitoresco e tranquilo”. A professora de português salienta que a localização mais remota da escola não é uma desvantagem na atracção de alunos, muito pelo contrário. O grande problema na captação de alunos, sublinha, são os preconceitos que ainda existem em relação aos cursos profissionais e o facto de muitos jovens não quererem ingressar em profissões ligadas à agricultura. “Estudar na EPDRA é bom não só para quem quer seguir agropecuária, mas também para quem não se adapta bem ao regime e ambiente do ensino regular. Prova disso é o facto de ao longo dos anos termos recebido vários alunos ‘problemáticos’, que depois ao estudarem aqui se tornam mais calmos e não têm tantas dificuldades em integrar-se”, acrescenta.

Empregabilidade e perspectivas futuras
Para aqueles que querem seguir uma profissão na área, a empregabilidade varia de curso para curso, havendo alunos que sentem a necessidade de emigrar e outros que já têm planos concretos para o futuro. Maria Leonor Gonçalves, natural da Golegã, e Rita Ganhão, de Benavente, estão no primeiro ano do curso de agropecuária e ambicionam especificar-se na vertente animal e ficar a trabalhar em Portugal. As jovens de 15 anos afirmam que têm uma forte ligação ao campo e à agricultura. “Quero seguir Medicina Veterinária de Grande Porte e na minha zona essa área é muito procurada. É raro haver profissionais que têm curso especializado na área, por isso acho que pode ser uma mais-valia para o meu futuro no mercado de trabalho”, refere Rita Ganhão.
Muitos alunos afirmam que os cursos são abrangentes e têm diferentes saídas, porém existem certas vertentes em que a empregabilidade ainda é escassa. É o caso de Maria Inês Silva, que deseja emigrar após acabar o curso, uma vez que a disciplina em que se está a especializar, os Obstáculos, não tem tantas saídas em Portugal. Já João Dias afirma que, apesar de não ser da região, não exclui a possibilidade de ficar a trabalhar no distrito de Santarém. Coloca como hipótese tirar licenciatura em Engenharia Agrónoma e tornar-se professor se não encontrar um emprego na área actual.
No que diz respeito ao futuro da EPDRA, Marly Serras salienta que um dos objectivos principais é aumentar o internato feminino e o número de salas de aulas. A directora afirma que há várias ideias que desejam concretizar, sendo a missão principal da escola formar não só bons profissionais como também bons cidadãos e seres humanos.

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