Sociedade | 23-06-2025 12:00

Há um café de peregrinos em Casais Robustos onde se fala de cultura mas também se pratica a calhandrice

Há um café de peregrinos em Casais Robustos onde se fala de cultura mas também se pratica a calhandrice
Café Mena irradia boa disposição em Casais Robustos, Alcanena - foto O MIRANTE

Num domingo de sol, O MIRANTE fez-se à estrada até Fátima e pelo caminho parou no Café Mena, situado numa pequena aldeia do concelho de Alcanena, onde se fala de religião e de muito mais. Há um grupo de seis mulheres, amigas de sempre, que costuma fazer as honras da casa.

Há sítios por onde passamos, mesmo que seja por um curto período de tempo, que marcam. No Café Mena, em Casais Robustos, no concelho de Alcanena, é impossível ficar indiferente à alegria e boa disposição que se vive naquela casa. Numa aldeia com pouco mais de 250 habitantes, situada numa encosta da Serra de Aire, são as mulheres que estão em maioria. Assim como no café local, frequentando anualmente por milhares de peregrinos, são as mulheres que definem o conteúdo das conversas.
São Ferreira, Maria Adelaide, Maria Inês, Maria Leonor e Zara (alcunha de Maria do Rosário) são as clientes mais fiéis de Mena Ferreira, a proprietária do café há quase meio século. No dia em que O MIRANTE se fez à estrada para fazer pouco mais de 35 quilómetros a pé, entre Pernes e o Santuário de Fátima, as amigas estavam especialmente divertidas. “Este café chama-se Mena, mas nós gostamos mais de lhe chamar CCB. É uma sigla para Cultura, Calhandrice e Bebedeira”, atiram, bem-dispostas. No café da Mena a especialidade é a ginja e o pastel de nata. Naquele domingo, as amigas optaram pela meia de leite. “Hoje não é dia. Temos muito que fazer”, explicam, entre risos.
Há uma coisa comum em todas: o amor a Casais Robustos, uma aldeia que terá mais de 400 anos. Falam na passagem de testemunho de geração em geração, nas conversas e nas aprendizagens que tiveram com os mais velhos e no prazer que têm em receber os peregrinos de várias zonas do país, e de lhes explicar como é viver em plena região ribatejana. Um bom exemplo disso foram os peregrinos que, de rastos, pararam no café da Mena naquele domingo para beber uma água com gás e um sumo. Caminhavam há mais de 30 horas, sem dormir, desde o Parque das Nações, em Lisboa. “Vamos com 126 quilómetros nas pernas sem parar”, contava um dos caminheiros, para espanto de todos os presentes.
Meteram-se ao caminho uns minutos depois já com as forças restauradas. Levaram palavras de ânimo e incentivo das seis amigas que, de súbito, lembraram-se que tinham de se ir arranjar para ir à missa. São todas católicas, praticantes, mas não são fundamentalistas. Sabem falar de tudo um pouco, mas o que gostam mesmo é de partilhar o amor que sentem pelos filhos e netos. Se o leitor porventura quiser passar um serão em boa companhia, no Café da Mena, em Casais Robustos, a São Ferreira, Maria Adelaide, Maria Inês, Maria Leonor e Zara são uma excelente opção.

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