Entrevista | 13-07-2023 13:01

Paulo Caldas: o autarca irreverente quebra o silêncio de 12 anos

Paulo Caldas foi dez anos presidente da Câmara do Cartaxo. Riscou a política da sua vida há 12 anos. Agora aceitou dar uma entrevista que pode ler na íntegra na edição semanal em papel, na qual não faz um ajuste de constas com o passado, mas explica muita coisa.

Quando aos 26 anos de idade é eleito presidente da Câmara do Cartaxo ainda não se notavam os traços de enfant terrible da política. Era o mais jovem autarca do país e vinha da banca onde trabalhou sete anos após se licenciar em economia em 1994. Paulo Alexandre Fernandes Varela Caldas andou dez anos num afã de fazer todas as obras que conseguisse, sabendo que não tinha dinheiro para as pagar, mas os bancos estendiam-lhe o tapete que se transformou mais tarde numa casca de banana. Tornou-se um saco de pancada dentro e fora do partido. Quando saiu em 2011, dois anos antes de terminar o mandato, para lançar o seu vice e amigo Paulo Varanda, era o mais polémico autarca do distrito de Santarém e um dos mais irreverentes do país. Não tem vergonha de o assumir. Foi enxovalhado por ter deixado uma das maiores dívidas autárquicas de Portugal.

Passados 12 anos está convicto que se não fosse assim a sua terra não teria passado da cepa torta. Reconhece que podia ter feito melhor algumas coisas como a área arbórea do parque central do Cartaxo. Tem a certeza que não volta à política de onde se despediu ciente da sujidade que se acumula nos partidos. Entregou o cartão de militante do PS e foi seguido pela sua mulher da qual veio a separar-se. Dedicou-se aos estudos académicos, doutorou-se em economia na Austrália e libertou-se dessa forma da vida pública sem arrependimentos. Só se arrepende de não ter sabido gerir bem o tempo para ver a filha mais velha crescer.

Reencontrou-se com a profissão há nove anos no departamento de economia, inovação e financiamento na Associação Industrial Portuguesa, presidida pelo seu conterrâneo José Eduardo Carvalho. Completa-se como professor de economia e gestão no Instituto Superior Técnico, no Instituto Superior de Gestão e na University of New England. Continua a viver no Cartaxo, onde também costuma fazer compras, mas diz que não tem tempo para fazer vida social na cidade. A sua maior conquista foi a ligação do concelho à auto-estrada Lisboa-Porto. Paulo Caldas continua a ser aquela pessoa sorridente, ar despreocupado e a sua forma de falar é igual. A entrevista que pode ler na íntegra na edição semanal em papel desta quinta-feira, 13 de Julho, não é um ajuste de contas com o passado, mas ajuda a explicar algumas coisas com uma visão distanciada.

Ficou surpreendido que nas últimas eleições o PS tenha perdido pela primeira vez em 45 anos?

Não foi surpresa. A dimensão da mudança talvez me tenha surpreendido. Tudo tem o seu tempo e o seu caminho. Felizmente, desde que saí da câmara que optei pelo silêncio político e pela discrição. O importante é perceber que o Cartaxo tem condições para crescer.

A derrota de Pedro Ribeiro, seu vereador e sucessor, com o qual se incompatibilizou, teve um sabor a vingança?

Nunca vi a política como um espaço de guerra ou de vingança. Não senti nem satisfação nem tristeza. Quando larguei a vida política fi-lo consciente e tinha outras coisas para fazer. No meu tempo dei o melhor contributo possível e com visão para aquilo que é o futuro do concelho. A história teve o seu rumo. As pessoas fizeram o seu julgamento. Há que olhar para as coisas de uma forma desprendida.

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