Folclore ribatejano com sotaque americano
O Grupo Folclórico “Campinos do Ribatejo” revive e divulga as tradições ribatejanas do outro lado do Atlântico, em Montreal, no Canadá. O rancho esteve recentemente por cá, a participar em festivais de folclore, e O MIRANTE foi falar com esta gente orgulhosa das suas raízes.
“Queremos passar a cultura ribatejana aos nossos filhos”. Foi assim que Margarida Carvalho, de Almeirim, emigrada em Montreal, no Canadá, América do Norte, há 31 anos, iniciou a conversa com O MIRANTE antes da actuação do Grupo Folclórico “Campinos do Ribatejo de Montreal” no Festival Internacional de Folclore de Alcanena, no dia 27 de Julho. Margarida tem 53 anos e é a apresentadora do grupo, que conta com 60 elementos de três gerações, a grande maioria oriunda ou com raízes no Ribatejo.
Natalie Marques e Paulo Santos são os ensaiadores do grupo fundado em 1994. Paulo Santos é da Serra de Santo António, Alcanena, e diz que o orgulho de estar na sua terra é imenso. Em Montreal trabalha na construção civil e sente que os pais fizeram uma boa aposta quando emigraram para o Canadá e o levaram com 12 anos. Natalie, é administrativa e nasceu no Canadá. Tem 44 anos e vive “com Portugal no coração”. Frequentou sempre a escola portuguesa e por isso a língua é uma marca de que se orgulha.
A qualidade de vida em Montreal é muito boa, dizem, mas Portugal e o Ribatejo têm o sol, o cheiro e a comida que os faz voltar de dois em dois anos para matar saudades. A família mais próxima, os filhos e irmãos estão no Canadá, mas aqueles que têm em Portugal mantêm viva a vontade de voltar sempre que possível.
Liberdade Estrela e Fernando Pereira, de Alcanena, integram o grupo porque os faz sentir mais próximos de Portugal e da sua amada província, o Ribatejo. Os filhos e os netos estão lá por isso não pensam voltar para Portugal. Fazem a viagem de férias de dois em dois anos para ver a família que cá ficou porque o preço dos bilhetes de avião, 1500 dólares por pessoa, pesa no orçamento.
Para esta deslocação a Portugal, o grupo contou com a ajuda da comissão de festas de Alcanena em Montreal, e de Luís Pereira e de Carlos Frazão, que organizaram vários eventos cujas receitas, cerca de 30 mil dólares, reverteram para os “Campinos do Ribatejo de Montreal” poderem viajar e estar em Alcanena, Fazendas de Almeirim e Cantanhede a dançar as modas do Ribatejo.
Clarisse Carpinteiro tem 47 anos e é de Pé da Pedreira, Alcanede, e emigrou para o Canadá com 19 anos. É caixeira de profissão e a costureira dos trajes do grupo. Tudo feito com tecidos comprados em Portugal, bem como os artefactos necessários à indumentária do grupo. Faz pesquisa para confeccionar os trajes com o máximo rigor e aproximação à tradição ribatejana.
Disse a O MIRANTE que a maior dificuldade que teve quando emigrou sozinha para o Canadá foi a língua mas agora está bem e não pensa voltar para a terra porque é lá que estão os filhos e netos. Vem de dois em dois anos ver a mãe e restante família. Clarisse quer ajudar a perpetuar a cultura ribatejana onde estiver, por isso diz que é com muito orgulho e dedicação que faz os trajes graciosamente, sobretudo para os mais novos que são motivados pelos pais a ingressar no grupo para que a tradição se mantenha e renove.
“Os Campinos do Ribatejo de Montreal” actuaram no dia 29 de Julho em Fazendas de Almeirim, num espectáculo para o qual foram convidados por Joaquim Pedrosa. O Rancho da Casa do Povo de Almeirim apadrinhou o grupo e dançar no “coração do Ribatejo” foi motivo de orgulho e emoção, como dizem Sandy dos Santos e Dora Manata.