No sábado à tarde alguns ministros andaram pelo país a fingir que limpavam a floresta. Para o distrito de Santarém foi enviado o responsável pela Ciência a quem calhou Alcanena e o titular da pasta da Administração Interna, que foi fazer a rábula do desmatador para as televisões, nos concelhos socialistas de Abrantes e Constância. O ministro Eduardo Cabrita poderia ter ido um pouco mais a norte, nomeadamente ao Sardoal ou então a Mação, que teve três quartos do seu território atingido pelas chamas, mas compreende-se que não o tenha feito. Para além de ir gastar mais combustível e portagens, sabe-se lá se teria sido possível encontrar-lhe um pedacinho de mata não carbonizada para limpar. Além disso, sendo aqueles concelhos de maioria PSD logo haveria quem visse florescer ali o Bloco Central. A ideia do desbaste ministerial, chamemos-lhe assim, era sensibilizar os portugueses para a necessidade de limpar as florestas para ver se não há tantos e tão violentos incêndios como houve o ano passado. Resta agora saber se a sensibilização resultou, o que só deverá acontecer lá para Junho quando chegar a altura de multar quem não limpou ou quando houver algum incêndio e os especialistas em incêndios analisarem se a culpa foi da falta da limpeza da mata ardida ou de alguma...trovoada seca.