A formadora de informática que sonha ser voluntária a tempo inteiro
Marisa Silva é presidente da assembleia-geral do ATL da Bolonha da Póvoa de Santa Iria
Na maior parte dos dias Marisa diz que consegue com facilidade desligar-se do trabalho quando chega a casa mas também tem dias em que fica a pensar como resolver um desafio no dia seguinte.
Ser voluntária a tempo inteiro e ajudar os que mais precisam é o sonho de Marisa Silva, 39 anos, formadora de informática e também presidente da mesa da assembleia-geral do ATL da Bolonha, instituição da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira.
“Sempre gostei de voluntariado e o meu grande sonho era ser voluntária a tempo inteiro. Ir a casa das pessoas ajudar ou fazer companhia num hospital a quem foi abandonado pela família. Por exemplo, ler para quem não pode. E fazer companhia a pessoas que vivem sozinhas em casa porque a solidão é terrível. Ainda não perdi a esperança de vir a concretizar esse sonho”, revela.
O ATL da Bolonha é uma das associações daquela cidade que dá apoio à infância. Tem 400 crianças e emprega 60 pessoas. É uma casa com as valências de berçário, creche, pré-escolar e actividades de tempos livres. Actualmente tem a lotação esgotada e filas de espera.
“Somos uma associação muito importante que nasceu quase sem nada e foi crescendo. Damos todo o apoio aos pais. Eles vão trabalhar e nós até recolhemos as crianças na escola. Nas actividades extra-curriculares temos de tudo um pouco, desde dança a natação. O ATL da Bolonha é praticamente uma família, uma instituição pequenina que se tornou grande. E ainda temos muito mais valências para dar resposta”, explica.
Na sua ocupação profissional principal, formadora de informática, Marisa diz que actualmente quem não percebe minimamente de computadores está afastado do mundo. “O meu trabalho é ensinar às crianças e aos adultos as partes básicas, as estruturas do Windows e saber trabalhar com o Office. Para eles elaborarem trabalhos e os ajudar também ao nível da escola. Os seniores têm curiosidade. Agora querem validar uma factura, por exemplo, e não querem estar dependentes dos filhos ou outra pessoa, querem ser autónomos”, explica.
Numa era em que tudo é feito de forma informática – IRS, Segurança Social e correio electrónico – não há espaço para ficar de fora, diz a formadora. “Já não se vê gente no comboio ou no café a ler um livro, está tudo com os tablets e telefones”, refere.
Marisa diz que nunca se cansa de ensinar por ser uma actividade “fabulosa e extraordinária”. Mas nota que muitos jovens ainda não dominam na plenitude ferramentas como o Powerpoint, Excel ou Word que os podiam ajudar no seu futuro profissional. “Estão sempre mais disponíveis para apenas clicarem em apps. Esta nova geração está muito mal preparada de base. São crianças muito mimadas em tudo. Claro que isso depende muito dos pais. Estão mais ausentes e ocupados com o trabalho e não têm tanto tempo para os filhos, compensam-nos com demasiados aparelhos, bons, sofisticados. Conheço jovens de 15 e 16 anos que estão sempre agarrados a um telefone ou tablet e que não sabem fazer qualquer tarefa em casa”, lamenta.
Na maior parte dos dias Marisa diz que consegue com facilidade desligar-se do trabalho quando chega a casa mas também tem dias em que fica a pensar como resolver um desafio no dia seguinte. “Quando se é formador é essencial dominar as matérias e principalmente saber avaliar a turma, quem é que está a perceber e não está”, explica.
A tudo isto Marisa Silva junta o cargo de vice-presidente da Michael Team Loyos Fighting Associação, da Póvoa de Santa Iria, que se dedica à formação de taekwondo e kickboxing, de onde já saiu um campeão nacional de kickboxing e duas campeãs distritais de taekwondo.