Cancelamento de espectáculo gera polémica em Benavente
Peça de teatro tinha seis bilhetes vendidos a poucas horas do espectáculo. Promotores de espectáculo com Carlos Cunha lamentam falta de divulgação do evento mas a câmara garante que fez tudo o que estava ao seu alcance. E lembra que não cobra nenhum valor pelo aluguer do cine-teatro às produtoras.
Um espectáculo de teatro de revista com o actor Carlos Cunha, que estava agendado para 16 de Março no Cine-Teatro de Benavente, acabou cancelado por falta de bilhetes vendidos e o assunto gerou polémica na última reunião de câmara. A organização do espectáculo diz não entender como o material publicitário não foi distribuído a tempo, fala de falta de contacto por parte da câmara e a oposição lamenta o facto defendendo que a agenda cultural do município deve ser repensada.
O assunto surgiu na sequência de um e-mail endereçado ao executivo por Érika Mota, da equipa da Carlos Cunha Produções, que lamentou ter de cancelar “pela segunda vez” um espectáculo naquela vila sede de concelho. Decisão oposta à que ocorreu no Centro Cultural de Samora Correia onde a peça “A Grande Ressaca” teve casa cheia. “Este fim-de-semana tínhamos dois espectáculos marcados, um dia 16 em Benavente onde estavam vendidos seis bilhetes e outro dia 17 em Évora onde temos mais de 500 bilhetes vendidos”, explicou a responsável.
Ricardo Oliveira, vereador do PSD, questionou a organização do espectáculo sobre o assunto e na última reunião de câmara afirmou que, segundo a mesma organização, o problema residiu também na falta de resposta da câmara aos pedidos de contacto feitos pela organização para tentar solucionar o problema. “Gostava de saber porque tem a câmara duas atitudes diferentes perante isto, uma em Benavente e outra em Samora Correia”, perguntou.
Também o vereador Pedro Pereira (PS) notou desconforto pela situação e defendeu que a agenda cultural do município deve ser repensada. “Se calhar tem de haver uma reorganização dos espectáculos de revista que recebemos no concelho”, notou.
“São infundadas as críticas à câmara”
Hélio Justino (CDU), vereador com o pelouro da Cultura, garantiu que a câmara “não tem dois tipos de actuação” e que “se calhar” o concelho é pequeno para acolher mais do que um teatro de revista em simultâneo nas duas localidades. “Estes grupos vivem destas digressões e às vezes têm de cancelar quando os bilhetes vendidos não são suficientes para fazer face às despesas. Estamos a redefinir os procedimentos para que no futuro a programação cultural do município passe por uma maior selecção deste tipo de espectáculos”, notou.
Hélio Justino diz que em Benavente “as pessoas têm tendência para comprar os bilhetes na hora” do espectáculo, o que torna difícil assegurar a vinda dos espectáculos. “A promotora se calhar saiu frustrada mas não pode acusar uma equipa altamente disponível. São infundadas as críticas que faz à câmara”, atirou.
Também Carlos Coutinho, presidente do município, mostrou desconforto pela situação. “A câmara permite às produtoras usarem os nossos espaços sem pagarem o aluguer, que aos fins-de-semana ronda os 700 euros. Além desse apoio ainda damos os nossos técnicos e a nossa electricidade. Não entendemos por isso que [acusar a câmara] seja a postura correcta”, rematou.