Sociedade | 14-09-2023 14:53

Projecto do Aeroporto de Lisboa em Santarém foi o mais elogiado na Figueira da Foz

Projecto do Aeroporto de Lisboa em Santarém foi o mais elogiado na Figueira da Foz

Projecto para o novo aeroporto juntou na Figueira da Foz responsáveis de Alverca, Santarém e Alcochete. O debate trouxe novidades, foi esclarecedor, teve críticas e elogios, e pela primeira vez discutiu-se o futuro aeroporto olhos nos olhos com os responsáveis dos três projectos de onde sairá, aparentemente, o que tem mais condições para ser escolhido.

A Câmara Municipal da Figueira da Foz reuniu três promotores de outros tantos projectos para o novo aeroporto internacional de Lisboa. Pedro Santana Lopes fez o convite e moderou o debate que teve uma boa plateia. Os oradores estiveram à altura e cada um apresentou os seus argumentos; ao contrário do que se espera sempre destes debates, houve elogios mútuos entre os participantes, embora também algumas “farpas”, o que prova a diferença entre os três projectos em discussão: Alcochete, Santarém e Alverca.

José Furtado era “a carta fora do baralho”, uma vez que Alverca não está nas contas da CTI, a comissão independente nomeada pelo Governo que já escolheu os projectos candidatos e rejeitou Alverca. Só que os promotores do aeroporto em Alverca não desistem, e em O MIRANTE estão as provas dessa luta nos vários artigos que temos vindo a publicar em nome da comissão promotora, mas assinados por José Furtado.

Alcochete será a prova da capacidade de realizarmos grandes projectos estruturantes

Luís Machado, que representou o projecto do aeroporto em Alcochete, abriu a sessão e lançou o debate: Luís Machado é um engenheiro que participou em grandes projectos estruturantes para o país, como a Ponte Vasco da Gama, entre outros, e foi essa a principal base da sua comunicação: a capacidade do país para levar por diante grandes projectos, tendo falado ainda do Túnel do Marquês e da Expo 98, como exemplos. Realçou ainda a proximidade a Lisboa, o facto de 90% dos passageiros que procuram o aeroporto serem naturais da Grande Lisboa, e falou em desinformação e muita ignorância quando se discutem os temas do novo aeroporto. Uma boa parte da sua intervenção foi a desmontar o projecto do futuro aeroporto no Montijo, explicando como era inviável, como foi um erro perder tempo com aquele projecto, como se sentiu frustrado ao perceber que os responsáveis políticos estavam a castigar ainda mais a população de Lisboa e a destruir o ambiente natural à sua volta.

Alverca é o projecto mais barato e mais fácil de concretizar

José Furtado falou do projecto em Alverca com o mesmo entusiasmo de sempre; é a solução mais barata, a que se concretiza em menos tempo, a que resolve o problema do país mais rápido e aquela que faz com que o Estado português não tenha que gastar milhões de euros em novas estradas e novas pontes sobre o Tejo. Relativamente à ocupação do leito do rio, disse que só vai beneficiar, já que a ilha da Póvoa de Santa Iria vai desaparecer a curto prazo pelo abandono e erosão a que está sujeita; que a solução para Alverca está espelhada nos grandes aeroportos das maiores cidades do mundo, incluindo o de Macau, construído há muitos anos por engenheiros portugueses. Alverca evita ainda concursos públicos, o que é garantia de que a breve prazo Lisboa e o país têm um problema de mais de cinquenta resolvido em menos de cinco anos.

Aeroporto Central de Portugal em Santarém

Carlos Brazão, que representou o projecto de Santarém, foi o último orador e trouxe algumas novidades para o debate. Anunciou pela primeira vez os parceiros de alguns estudos e do acompanhamento do projecto, como é o caso de duas sociedade de advogados e de duas empresas internacionais; chamou Aeroporto Central de Portugal ao projecto de Santarém por entender que é a melhor localização e aquela que mais promove a coesão territorial, relembrando que a região tem uma rede de autoestradas que parece que foram construídas de propósito a contar com uma futura estrutura aeroportuária, como a que está em cima da mesa para ser o futuro aeroporto internacional de Lisboa. Reafirmou ainda que o aeroporto de Lisboa está nesta altura a perder cerca de 100 voos por dia, por falta de espaço, o que representa a perda de cinco milhões de turistas por ano; e que ninguém tem dúvidas que o negócio dos aviões vai continuar a crescer, e que Portugal só tem a perder com esta política de adiamento dos grandes projectos os estruturantes.

Críticas ao facto de Monte Real estar fora do debate para o novo aeroporto

Pedro Santana Lopes usou da palavra pela primeira vez para fazer um ponto de situação em relação à Figueira da Foz, que está a uma hora do Porto, e deixou algumas dúvidas sobre o que será melhor para a Figueira da Foz e a região Centro. Mais tarde, por provocação de um dos assistentes que participou no debate, foi crítico das instituições da região Centro que não apresentaram soluções para o novo aeroporto, lembrando Monte Real, que era também, a exemplo de Santarém, uma das melhores opções para servir a região, o país e promover a tão falada e mal resolvida coesão territorial.

Um debate olhos nos olhos com novidades

O debate foi esclarecedor e teve momentos pouco habituais em iniciativas do género. Luís Machado, do projecto Alcochete, elogiou o projecto de Santarém por ter a virtude de ser privado, e desassossegar aqueles que acham que os contratos leoninos assinados com o Governo garantem os lucros e poucas preocupações com os problemas do país. Carlos Brazão agradeceu o elogio com o olhar, mas mais tarde fez uma confissão que não gerou burburinho na Figueira da Foz, mas teria gerado em Lisboa ou Santarém; confessou que sempre achou que o aeroporto nunca será construído nem no Montijo nem em Alcochete, e por isso a solução Santarém apareceu antes da queda da solução do Montijo. Para justificar o optimismo das suas declarações, relembrou que metade dos utilizadores do aeroporto Humberto Delgado são da margem norte da região metropolitana de Lisboa, que Santarém é o único projecto a norte que não precisa de construções de pontes sobre o Tejo, e o único que ajuda a tirar tráfego de Lisboa, que é o grande e grave problema da cidade capital do país.

Carlos Brazão elogiou o projecto de Alverca, afirmando que foi assistir à sua apresentação há quatro anos e que aprendeu muito com os seus colegas, mas que Alverca tem um grave problema que é a sua aprovação pela empresa concessionária do aeroporto de Lisboa.
Luís Machado criticou ainda, durante a conversa, o excesso de protagonismo dos elementos da Comissão Técnica Independente, afirmando que a missão de quem foi escolhido para este trabalho não se coaduna com a sede de protagonismo, e que deveriam trabalhar mais e falar menos.

Carlos Brazão relembrou que a região Centro, que é o coração do país, perdeu cerca de seis por cento da população nos últimos anos a favor de Lisboa e da litoralização do país.

José Furtado rebateu as críticas dos colegas da falta de espaço, e valorizou a proximidade de Alverca com Lisboa dando exemplos de aeroportos longe das cidades que nunca conseguiram, nem vão conseguir, construir cidades aeroportuárias porque não têm dimensão, e o caso do aeroporto de Atenas serviu como exemplo, uma vez que à volta do aeroporto não há nada mais que as estradas para a capital. Respondeu ainda à acusação de que Alverca tem um problema ambiental e de expansão urbana, argumentando que o projecto vai centralizar todos os transportes, e que a grande vantagem é que todas as ligações passam dentro do futuro aeroporto; o resto resolve-se com terminais para tirar o trânsito de carros e pessoas do centro da cidade, afirmou.

Carlos Brazão não deixou passar a oportunidade para convidar Pedro Santana Lopes a seguir o exemplo de Isaltino Morais, de Oeiras, que assinou recentemente com a empresa responsável pelo projecto de Santarém um protocolo para a construção de um Vertiporto, que facilita ainda mais a viagem entre Santarém e a região de Lisboa. Pedro Santana Lopes agradeceu o convite, mas não pareceu levar a sério o convite de Carlos Brazão, que disse que era uma das grandes inovações do seu projecto, que não deve ser medido pelo número de quilómetros que dista de Lisboa, mas pelo tempo que os passageiros dos aviões demoram a chegar ao destino.

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