Lero-lero cultural
Na última semana foi apresentada a primeira exposição fotográfica no âmbito da Bienal de Fotografia que o concelho de Vila Franca de Xira acolhe até ao próximo ano. Na nota de imprensa enviada às redacções o curador-geral da iniciativa, David Santos, fala num português muito à frente para a maioria dos cidadãos. Senão vejamos: “Enquanto colecção associada ao gesto de acumular e ao caos imperativo do sentido, o arquivo, especialmente o fotográfico, é uma hipérbole que urge identificar, pois no arquivo visual que desenvolvemos ou testemunhamos somos sugados pela tarefa impulsiva de uma espécie de inventariação geral, na esperança vã, talvez, de significar a vida para além da sua efemeridade”. Se isto não foi suficiente para deixar o leitor num KO literário, o que dizer das “imagens que nos devolvem o resto ou o rasto da coordenada espácio-temporal, responsável um dia pelo êxito do registo fotográfico, que mantemos o desejo de uma ordenação premente e inadiável, aquela que relaciona e impõe por fim a prática de um arquivo da observação”. Com tantos novos impostos que o Governo está a lançar, ainda bem que ninguém se lembrou de taxar as palavras caras. Imagine-se só a conta astronómica que o curador da Bienal teria às costas para pagar...