Presidente do Conselho Geral do IPS lança recados a Jorge Justino
Ramalho Ribeiro diz que o Politécnico de Santarém deve adaptar-se às necessidades de formação, recordando que houve escolas em que a oferta formativa teve uma procura muito baixa. Os alertas foram deixados durante a cerimónia de abertura do ano lectivo do instituto.
“Mais um ano se passou e infelizmente continuamos a debater-nos com os mesmos problemas estruturais”. Foi assim que arrancou o discurso do presidente do Concelho Geral do Instituto Politécnico de Santarém (IPS) na sessão solene de abertura do ano lectivo 2016/2017 que decorreu no dia 19 de Outubro na Escola Superior Agrária de Santarém. João Ramalho Ribeiro diz que tem que haver um ajustamento e adaptação do IPS às necessidades de formação, investigação e de serviços e que tal deve partir da iniciativa do instituto.
João Ramalho Ribeiro sublinhou que este ano “soaram sinais de alarme”: “Houve escolas em que a oferta formativa disponibilizada teve uma procura muito baixa, os cursos pós-laborais deixaram de ser atractivos e há escolas com uma muita pouca diversidade de oferta, o que as torna muito expostas a um limitado nicho de mercado”.
O presidente do Conselho Geral (órgão consultivo do IPS que elege o presidente do instituto) disse que o IPS tem de saber ler tendências de mercado, encontrar respostas para as necessidades actuais e soluções para os problemas e dificuldades que a comunidade tem.
João Ramalho Ribeiro apelou ainda ao trabalho em equipa e multidisciplinar entre as várias escolas do instituto e criticou a falta de “alma” do plano estratégico que a presidência do politécnico solicitou a uma empresa da especialidade. “Era muito generalista e não se identificava com as especificidades das escolas em particular e do IPS em geral”, apontou. E mencionou três áreas que considera prioritárias para se apostar no futuro: agro-alimentar, estilos de vida saudável e economia social.
“IPS só poderá atingir o seu apogeu com doutoramentos”
O presidente do IPS, Jorge Justino, foi o primeiro a falar na sessão solene, referindo que o instituto continua a atingir bons indicadores nas áreas da qualidade de ensino, investigação e desenvolvimento, número de alunos, empregabilidade, empreendedorismo, internacionalização, inovação e no impacto sócio-económico na região. Mas considera que “o Instituto Politécnico de Santarém só poderá atingir o seu apogeu com a possibilidade de administrar doutoramentos”.
Jorge Justino referiu que o défice de verbas do Orçamento de Estado deve ser ultrapassado e que o aumento de receitas só é possível com o aumento de alunos, prestação de serviços à comunidade, aluguer de espaços e candidaturas a projectos nacionais e internacionais. O objectivo a curto prazo passa por aumentar as receitas próprias para 35% do orçamento global do instituto.
Uma maior contenção na despesa, segundo Jorge Justino, é difícil de alcançar pois implica uma maior redução do número de trabalhadores e no próprio funcionamento do instituto. O presidente do IPS pediu ainda que o subsistema de ensino superior politécnico não seja discriminado perante o universitário, exigindo condições iguais.
Cerimónia com ausências notadas
O ex-Presidente da República Jorge Sampaio foi homenageado nessa cerimónia mas não pôde estar presente por motivos de saúde. O antigo Chefe de Estado foi hospitalizado na terça-feira, 18 de Outubro, devido a problemas cardíacos, e só teve alta dois dias depois. Jorge Sampaio fez-se representar pela sua assessora Helena Barroco, que recebeu o Público de Louvor e a medalha do IPSantarém.
Os presidentes das Câmaras Municipais de Santarém e de Rio Maior, Ricardo Gonçalves e Isaura Morais, que deviam discursar na cerimónia, também não compareceram, sendo representados pelas respectivas vereadoras da educação, Inês Barroso e Filomena Figueiredo.