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Vítimas de legionella exigem justiça mas não querem encerramento da fábrica
Dúvidas. População ainda aguarda por respostas ao problema

Vítimas de legionella exigem justiça mas não querem encerramento da fábrica

Dois anos após o surto de legionella no concelho de Vila Franca de Xira, as vítimas afectadas pela bactéria apontam a falta de legislação e de fiscalização e a escassez de meios preventivos como aspectos a corrigir.

Num estudo desenvolvido pelo investigador João Guerra, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, os inquiridos apontaram a fábrica da ADP (Adubos de Portugal) como principal responsável pelo surto de legionella que atingiu o concelho de Vila Franca de Xira em Novembro de 2014 mas não defendem o encerramento da fábrica. “Queremos é apurar responsabilidades e impedir que situação igual volte a acontecer”, afirmou Joaquim Perdigoto, que no fim de Janeiro criou a AAVL (Associação de apoio às vítimas do surto de legionella de Vila Franca de Xira).
“Talvez devido à consciência dos problemas socioeconómicos do país, ninguém defendeu o encerramento da ADP. As pessoas acham que deve continuar a laborar, desde que respeitem todas as regras”, ressalvou João Guerra, o investigador que desenvolveu o estudo através de uma oficina participativa, na qual participaram 40 pessoas.
As conclusões do estudo foram apresentadas no dia 22 de Fevereiro, no Forte da Casa, e apontam também responsabilidades à Direcção Geral do Ambiente, APA - Agência Portuguesa do Ambiente e Ministério do Ambiente, entre outras entidades.
O surto teve início a 7 de Novembro de 2014 e causou 12 mortes e 375 infectados, tendo sido o terceiro maior caso registado em todo o mundo. Em 2016 o Ministério Público (MP) informou que sete pessoas e duas empresas, entre elas a ADP, foram constituídas arguidas, num inquérito que ainda decorre no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) da Comarca de Lisboa Norte-Vila Franca de Xira.
Os inquiridos defendem uma maior fiscalização na produção fabril, a criação de um sistema de monitorização eficaz e também a resolução de lacunas da legislação de modo a evitar prevaricações futuras. Os presentes na sessão mostraram-se também revoltados com a falta de respostas e afirmam que com uma associação criada desde início o processo seria conduzido de outra forma e não existiria um sentimento de abandono. Questionaram ainda o envolvimento da delegação de VFX da Ordem dos Advogados e de autarquias neste processo.
O presidente da União de Freguesias da Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa, Jorge Ribeiro, defende que as autarquias “não podem ser responsabilizadas por a justiça não trabalhar” e referiu que desde o início aconselhou a criação de uma associação.
Jorge Zacarias, em representação do presidente do município, Alberto Mesquita, disse que a “câmara municipal não tem responsabilidade para licenciar questões ambientais e está pronta a receber a associação, que pode ter um peso diferente neste processo”. A Ordem dos Advogados de VFX explica que o processo é “complexo” e “enquanto a situação estiver em segredo de justiça terá de se aguardar”.

Vítimas de legionella exigem justiça mas não querem encerramento da fábrica

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