O Santuário do Santíssimo Milagre de Santarém e o futuro
Até ao presente momento aconteceram dois milagres eucarísticos em Portugal. O primeiro aconteceu em 1247 em Santarém, na igreja de St° Estêvão, hoje conhecida pela igreja do Milagre, onde uma hóstia consagrada é tirada da boca por uma pobre mulher, enganada por uma bruxa judia; começa a deitar sangue, é levada para a igreja de St°. Estêvão, envolvida em cera natural, que mais tarde cristalizou e agora se encontra no trono da igreja do Milagre.
O segundo em Balasar, onde Alexandrina Maria da Costa, a partir de 1942 e durante 13 anos, vive apenas da hóstia consagrada que comunga, não comendo nem bebendo rigorosamente mais nada. Hoje Balasar, uma simples aldeia, é visitada por cerca de 345.000 pessoas por ano, que se dirigem à igreja onde Alexandrina está sepultada e à casa onde viveu e morreu.
Santarém, nomeadamente a igreja do Santíssimo Milagre, é visitada por cerca de 17.000 pessoas por ano. A que se deve esta diferença tão grande? Vale a pena verificarmos as verdadeiras razões. Não é por sorte ou azar que muitas coisas acontecem, mas sim devido a uma lei de causa e efeito.
Em Balasar, há muito que as autoridades civis e religiosas chegaram à conclusão que o turismo religioso, é uma espécie de filão de ouro, que além de converter muita gente, concorre como nenhum outro, para o progresso e desenvolvimento duma região, nomeadamente para o comércio e indústria, com a criação de postos de trabalho e fixação de pessoas.
Em Balasar, deram as mãos, a Junta de freguesia, a Câmara Municipal e as autoridades religiosas com destaque para a Arquidiocese de Braga. Os resultados estão à vista. Em frente à igreja de Balasar, há uni parque de estacionamento com capacidade para muitas dezenas de camionetas e carros ligeiros. Evita-se assim que pessoas de idade avançada tenham de percorrer longas distâncias. O parque de estacionamento deve estar o mais perto possível do local a visitar. É assim em todos os Santuários, cá ou no estrangeiro.
Agora vamos ver o que se passa em Santarém:
O Milagre que ocorreu na Igreja de St° Estêvão, foi há 769 anos. As pessoas que nos visitam, nomeadamente na nossa festa, têm de telefonar a perguntarem onde fica o Santuário e depois perguntam; como é possível não haver nenhum sinal a indicar o vosso Santuário?
Eis uma excelente pergunta para os vários presidentes da câmara, que já exerceram este cargo responderem. Quanto ao local para estacionamento é exactamente o mesmo. Ocupamos o último lugar em Portugal.
É interessante verificar que nos nossos dias há pessoas que defendem que quanto mais longe melhor, na crença de que assim obrigam os nossos visitantes a irem a locais que não desejam. Os factos demonstram que quem pensa assim não tem razão.
Santarém, perdeu durante as últimas décadas quase tudo o que tinha. Os quartéis militares fugiram, o Seminário acabou e o futebol morre triste e abandonado. Quanto ao futebol, esqueceram os iluminados de então, que a chama que os alimentava, se chamava rivalidade e que extinta, o futebol cedo ou tarde acabaria.
Quantos milhares de pessoas nos visitaram quando os Leões de Santarém estiveram com um pé na primeira divisão nacional? Nesse tempo o comércio e demais actividades, não abriam falência como hoje; era urna cidade cheia de vida e alegre. O que nos resta é o turismo religioso. Que seria do comércio de Santarém e demais actividades, se fôssemos visitados diariamente por cerca de 1.000 pessoas como em Balasar?
O Santuário do Milagre é um local onde Jesus Cristo, filho de Deus, se manifestou, provando que está vivo e presente na hóstia Consagrada. Não pode nem deve ser tratado como as demais, pois é um caso único em Santarém e em Portugal. Quer se queira quer não, todo o turismo religioso passa por lá. Oxalá sejamos todos capazes de dar as mãos para devolver a Santarém a vida, dinâmica e alegria que já teve.
Júlio Cabaça (irmão da Real Irmandade do Santíssimo Milagre)