“A vida é curta demais para passarmos o tempo zangados connosco e com os outros”
Honório Vieira, 67 anos, director-geral da Fundação CEBI de Alverca do Ribatejo
É director-geral da Fundação CEBI desde 2002 e confessa-se um homem de bem com a vida. Viciado em trabalho, não contabiliza o tempo que passa no escritório e por vezes leva trabalho para casa. Viajar e jogar golfe são os seus escapes para o stress. Não passa muito tempo em frente à televisão e diz que servir os outros lhe foi incutido pelos pais. Gosta de viajar e já esteve em lugares desde o pólo norte ao pólo sul.
Quando cheguei a Fundação estava a passar por vários problemas. Foi no período que se seguiu ao desaparecimento do seu grande fundador, o José Álvaro Vidal. Assumi o desafio embora confesse que não imaginava o que haveria de encontrar.
Reduzi algumas áreas que eram altamente penalizadoras do funcionamento da fundação e desenvolvi as restantes. Procurei optimizar recursos, não apenas em termos de organização como em termos de estrutura. A longo prazo acabou por revelar-se uma decisão acertada.
O meu trabalho é desafiante. Estou a coordenar o trabalho de todos os directores da fundação, que reportam a mim e eu reporto à administração. A organização estrutural da fundação permite distribuir funções e responsabilidades. Atingimos um nível em que só com uma organização forte é possível levar a bom porto as suas diferentes actividades. Criando também um forte espírito de equipa.
O nosso desafio permanente é satisfazer as necessidades da comunidade. Nem sempre é fácil porque estamos a falar de mais de um milhar de pessoas que acorre aqui diariamente. Como é natural, nem todos pensam da mesma forma. Temos que encontrar equilíbrios a cada momento para satisfazer o maior numero possível de pessoas.
Estou a fazer o que gosto. De todas as actividades que tive é nesta em que me sinto mais realizado e mais útil à sociedade. Faço-o também pelo espírito solidário e de altruísmo que me agrada bastante. Gosto de sentir-me útil e servir a comunidade. São valores que os meus pais sempre me transmitiram desde criança. Eu sou do concelho de Torres Vedras, da Praia da Assenta. Nascido e criado aí. Mas fiz a minha vida profissional quase toda em Lisboa.
Temos actividades em várias áreas mas o acolhimento de crianças em risco é o que mais mexe comigo. Temos a preocupação também de conseguir sustentabilidade no nosso funcionamento para garantir os postos de trabalho e também a qualidade dos serviços que prestamos.
Considero que sou viciado em trabalho mas sei apreciar os tempos livres. Gosto de jogar golfe e frequento vários campos na zona. É uma excelente maneira de aliviar o stress. Em tempos fui director do Clube Internacional de Futebol (CIF) que se dedicava, curiosamente, ao ténis. E fui vice-presidente da Federação Portuguesa de Ténis durante quatro anos. Gosto muito dessa modalidade mas com a idade passei para o golfe. O golfe permite fazer umas caminhadas e é mais saudável para o coração.
O maior prazer que tenho é viajar e conhecer o mundo. Cada lugar é um lugar e as sensações são todas diferentes. Estar em cima da muralha da China ou estar num veleiro nas Caraíbas é algo único. Podemos ver um pagode no Japão na internet, mas estar no local é diferente. E o contacto com as pessoas é especial. Não posso dizer que tenha um lugar que tenha gostado mais, mas há cidades em que podemos ir várias vezes e encontrar sempre coisas diferentes, como Paris, Roma ou Nova Iorque. Já estive desde o pólo norte ao pólo sul e se tiver saúde para isso uma das próximas viagens que gostava de fazer era ir ao Alasca.
A vida é curta demais para ficar à frente da televisão. Vejo muito pouca televisão e quase sempre telejornais. Gosto de ler. Estou actualmente a ler um livro difícil, o “Arquipélago da Insónia” do António Lobo Antunes. Como sofro de insónias não sei se foi por causa disso que mo deram (risos). É um autor que se lê com dificuldade e não é o que mais me satisfaz. Gosto de ler sobretudo livros de cariz histórico romanceado, mas estou a ler este porque tenho uma certa admiração pelo escritor.
Gosto muito de ópera e tive o privilégio de ver uma recentemente no teatro Bolshoi em Moscovo. Era cantada em russo mas tinha legendas. Sempre gostei de ópera e música clássica. É um espectáculo diversificado. Além da parte cénica e teatral tem todo aquele vestuário. Estamos a falar de um espectáculo com dezenas de intervenientes. O conjunto é muito bonito. Gostava de ir ver a Carmen ao São Carlos mas já não consegui bilhetes.
Sou uma pessoa de bem com a vida. As pessoas não devem entrar em processos de depressão porque a vida são dois dias, devem fazer o que querem e gostam. Peçam ajuda aos amigos para ultrapassar esses sentimentos e estados de espírito negativos. Quando vivemos a vida com boa disposição custa muito menos do que quando a vivemos zangados. Mesmo os imprevistos da vida são oportunidades para novos começos. Temos sempre de ver o lado mais positivo da vida.