Povoense quer equilibrar as finanças para ambicionar regresso aos nacionais
Clube da Póvoa de Santa Iria vive um momento de reestruturação mas continua a ser uma referência na formação desportiva, com cerca de 400 atletas inscritos no futebol e futsal.
São 900 mil euros de dívida que a direcção liderada por António Fonseca herdou, há seis anos, do anterior executivo do União Atlético Povoense. Um valor que obriga o clube a “começar do zero”, diz o vice-presidente Paulo Baptista. A jogar na divisão de honra da distrital de Lisboa, o objectivo do Povoense passa pela manutenção. O lema da direcção é “pagar e não fazer mais dívida”.
O clube da Póvoa de Santa Iria foi ao fundo com os problemas económicos, ainda que recentemente se tenha sagrado campeão da Taça de Lisboa (2014/2015). O ano passado os seniores e vários escalões da formação foram despromovidos. “Há um retirar financeiro em todas as vertentes. Os escalões desportivamente caíram. É uma estratégia da direcção, não culpamos ninguém pela descida de divisão. Neste momento os atletas andam cá por carolice. Praticamente pagam para jogar. O que é de ressalvar pois continuam a acreditar no projecto Povoense”, diz Paulo Baptista.
O clube tem vindo a abater a dívida e criou sinergias para resolver a questão, já que o número de sócios não ajuda, pois mesmo com 40 mil habitantes na cidade, muitos não sabem da existência do Povoense. “É difícil com os nossos meios ultrapassar estes obstáculos, mas devagar vamos pagando algumas dividas e outras tentamos negociar. O trabalho que temos feito permitiu-nos fazer acordos com os credores e esperamos, no espaço de dois anos, voltar a ser uma referência em Vila Franca de Xira”, diz outro vice-presidente, João Onofre.
O clube sobrevive agora essencialmente da renda do Continente e da Academia Sporting. Já os lucros da gasolineira vão pagando uma dívida ao BPI. Contudo o clube assume a necessidade uma almofada financeira para fazer face ao futuro e só aí vão pensar num plano desportivo com vista à subida.
Apesar das dificuldades o técnico Nuno Dias indica que o plantel abre esperanças para pensar na subida. “Quando as finanças estão à frente da parte desportiva tens de te aliar a pessoas que acreditam que o clube vai mudar e é fácil quando todos remam para o mesmo lado”, diz.
Rafa passou pela formação do Povoense
O Povoense é um dos clubes que mais jogadores inscreve na Associação de Futebol de Lisboa. São cerca de 400 atletas, entre os escalões de futebol e futsal. Dali muitos saem para outros clubes e por vezes demasiado rapidamente para se poder tirar proveito da formação. Rafa Silva completou neste defeso a transferência mais cara entre clubes lusos (16,4 milhões de euros). Mas a passagem do avançado, que marcou o primeiro golo do novo campo do Póvoa, foi tão fugaz que o clube acabou por não ser ressarcido pelo mecanismo de solidariedade FIFA. O atleta tinha menos de 12 anos quando se mudou para as escolas do FC Alverca.
Situação semelhante passa-se com Zé Gomes. O avançado de 17 anos que desponta na Luz esteve cinco meses no Póvoa, mas um empresário pegou no atleta e vendeu-o às águias. Agora é o super agente Jorge Mendes quem decide o futuro do jogador.
Já Rachid e Jaquité são investimentos com retorno assegurado. Rachid Baldé actua nas escolas do Stoke City (Inglaterra), do qual o Povoense tem em vista receber cerca de 3 mil euros por contrato de formação e mecanismo de solidariedade. Da parte de João Jaquité, médio do Tondela (I Liga), o clube tem a receber 20% de uma futura transferência.