Um dos jovens que fala neste suplemento sobre a Ascensão diz que, para além de tudo o resto, a época também remete para alguma transgressão. E compreende-se que assim possa ser.
O feriado, que já foi nacional, é religioso e celebra um episódio da vida de Cristo, mas as celebrações são maioritariamente pagãs, desde a ida ao campo para colher um ramo que se põe em casa para dar sorte, ao convívio e aos copos com os amigos, aos bailes e às actividades taurinas.

Um feriado é um feriado, mesmo que quem o goza não saiba, nem queira saber porque é feriado. Na Quinta-Feira de Ascensão, 13 de Maio este ano, é feriado numa dúzia de municípios da região e a forma como quem ali vive o celebra mostra que, a grande maioria tem uma ideia geral, não de Jesus Cristo a elevar-se ao céu quarenta dias após ter ressuscitado, mas de uma ligação ancestral à natureza.

Nos depoimentos que recolhemos há um sentimento de celebração da vida, da amizade, da alegria. Nos concelhos que têm o seu feriado nesse dia, como Alcanena, Alenquer, Almeirim, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Coruche, Golegã, Salvaterra de Magos, Sobral de Monte Agraço, Torres Novas e Vila Franca de Xira, é tudo isso que se sente, é tudo isso que está na memória de grande parte das pessoas que lá nasceu ou que lá mora.

O ano passado as restrições eram maiores do que este ano. Houve uma evolução e isso é saudado. Há esplanadas e restaurantes abertos. Há espectáculos apesar das lotações das salas serem limitadas. Há mais esperança. Há, se assim se pode dizer, um sentimento de... Ascensão!.