Cultura | 16-05-2021 07:00

Não há vírus que acabe com a devoção ao Senhor da Boa Morte

Não há vírus que acabe com a devoção ao Senhor da Boa Morte
ESTAMOS EM ASCENSÃO
Elvira Viegas, Irene Barradas e Teresa Santos

Romaria é a marca da Quinta-Feira da Ascensão em Vila Franca de Xira.

Celebrar a Ascensão este ano em Povos, Vila Franca de Xira, é uma oportunidade para os mais devotos agradecerem ao Senhor da Boa Morte não apenas pelas colheitas mas também por ter permitido a muita gente escapar à pandemia de coronavírus.

A romaria ao Senhor da Boa Morte, com a missa e a bênção dos campos e da cidade, é o momento mais simbólico, tradicional e emotivo das celebrações da Quinta-Feira da Ascensão no concelho e é uma tradição que se tem mantido e renovado.

Elvira Viegas, Irene Barradas e Teresa Santos são três dos rostos da comissão que todos os anos dinamiza a evocação da quinta-feira da espiga. São inseparáveis e rostos conhecidos no bairro. Há muitos anos que cultivam a devoção ao santo. Elvira nasceu em Povos e foi empregada de escritório; Irene é natural da aldeia da Luz - embora já viva no bairro há 48 anos e foi cozinheira - e Teresa é de Vila Franca de Xira e ainda trabalha como administrativa no Centro de Saúde de Alhandra.

Mesmo com as restrições da pandemia a tradição nunca se quebrou em Povos: o ano passado realizou-se a missa e a bênção dos campos embora com limitações de participantes. E este ano será igual porque, como fazem questão de dizer, não há vírus que possa acabar com uma devoção centenária.

“A tradição nunca poderá morrer nem vai morrer. Esta é uma devoção muito grande que temos e a Ascensão está, para nós, muito ligada ao Senhor da Boa Morte”, diz o grupo a O MIRANTE.
Desde pequenas que Irene, Elvira e Teresa celebram a festa. Ajudavam também na preparação das fogaças, uns cestos onde cada um coloca o que quer oferecer ao santo para depois ver o cesto ser leiloado no final da missa.

“O dia da espiga é muito importante. Acredito que celebramos a Ascensão de Jesus ao céu e comemoramos essa data com a nossa devoção ao Senhor da Boa Morte. Temos uma capela lindíssima no topo do monte e só é pena que, por vezes, não seja tão visitada”, conta Teresa Santos.

As três mulheres chegaram a apanhar ramos de espiga quando eram pequenas. Ainda hoje gostam de ter em casa um ramo, assim como o pão que é benzido na missa e que, garantem, não ganha bolor de um ano para o outro.

Vincam que é importante agradecer por um ano de boas searas e de pão na mesa. “A importância de louvar o Senhor é ainda mais importante devido à calamidade que vivemos. É a nossa oportunidade para agradecermos termos resistido”, contam. As três mulheres acreditam que as coisas vão melhorar e que no próximo ano a procissão poderá voltar a sair à rua como habitualmente.

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