Sociedade | 15-05-2021 15:00

Guardar, de um ano para o outro, um pão benzido enrolado num pano

Guardar, de um ano para o outro, um pão benzido enrolado num pano
ESTAMOS EM ASCENSÃO
Mafalda Sousa

Mafalda Sousa integra a comissão que organiza as festas de São Brás na Barrosa e vive a Ascensão de forma intensa.

Mafalda Sousa integra a comissão que organiza as Festas do lugar de São Brás, na Barrosa, Benavente, em Quinta-Feira de Ascensão. Nesse dia as imagens de São Brás e do Santo Isidro saem da igreja para a bênção dos campos. Diz que, se não fosse a pandemia, haveria baile, comes e bebes e uma romaria aos campos para apanhar a espiga.

Nasceu e cresceu na casa agrícola Quinta da Foz, em Benavente, onde ainda hoje trabalha. O avô ensinou-lhe o ditado de que “quando chove na Ascensão até as pedrinhas dão pão”. E como este ano a data até calha num 13 de Maio, dia da aparição de Fátima, há motivos para acreditar num ano bom. Na quinta onde Mafalda trabalha os arrozais já estão semeados. Agora falta apenas um pouco de ajuda divina para tornar a produção num ano excelente para todos.

“Vivo muito a Ascensão. Quando era pequena acreditava mesmo que quem não tivesse a espiga não ia ter pão nesse ano por isso ia sempre apanhá-la. Algumas vezes, já quase de noite, depois de sair do trabalho ia lá.”, conta com um sorriso.

Mafalda Sousa, que hoje tem 51 anos, diz que na sua meninice a Ascensão era feriado apenas para os ricos. Revela que se sente feliz por, hoje em dia, a data ser celebrada por toda a gente e onde se tem tempo para parar, agradecer aos santos e prestar culto aos campos.
Defende que a tradição deve continuar e por isso passa-a aos filhos e à neta, embora admita que as novas gerações já não se dão tanto ao trabalho de ir aos campos apanhar a espiga. Ainda assim considera-se uma pessoa positiva e optimista que acredita que a tradição se vai manter e renovar. E que o pior da pandemia já passou.

Em casa guarda sempre todos os anos um pão benzido enrolado num pano. “Quando chega esta altura tiro-o e trinco-o, mesmo rijo. Vivo a Ascensão e a fé à minha maneira. Acredito que tenho pão em casa todo o ano graças a Deus e na minha casa ele nunca faltou e tem sempre sido repartido. Acredito que quanto mais reparto mais Deus me dá”, afirma.

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