Cultura | 18-05-2021 18:00

Havia festa no cabeço de Santa Marta depois da missa  e bênção dos campos

Havia festa no cabeço de Santa Marta depois da missa  e bênção dos campos
ESTAMOS EM ASCENSÃO
Natália Sacramento

Natália Sacramento recorda as tradições da Ascensão em Moitas Venda, Alcanena.

Natália Sacramento tem 83 anos e uma boa memória. A sua paixão pelas tradições levou-a a escrever um livro com as histórias da freguesia de Moitas Venda. Conta que a Quinta-Feira de Ascensão sempre foi um dia muito importante para si e para a sua família. Na infância ia com a mãe e as três irmãs para o topo do cabeço de Santa Marta, onde passavam o dia e apanhavam a espiga para dar prosperidade no resto do ano.

Diz que na véspera da Quinta-Feira de Ascensão cumpriam jejum e que a comida era confeccionada na véspera porque no feriado não se trabalhava. Na capela do cabeço de Santa Marta o dia começava com missa, seguida de procissão e bênção dos campos.

“Subia-se o cabeço pelo carreiro, com o cabaz de comida à cabeça, segurando as duas asas. Na altura do almoço estendiam-se as mantas, quase todas de trapo, e comia-se. Começávamos a apanhar a espiga enquanto subíamos ao topo do cabeço. Durante a tarde havia música e bailarico e observávamos o horizonte, onde víamos os campos da lezíria e a charneca ribatejana. Sempre foi um dia muito bonito e especial”, sublinha.

O cabeço de Santa Marta era muito procurado por devotos e romeiros que vinham de outras terras. No regresso, já ao entardecer, colocavam o ramalhete da espiga no local mais bonito da casa, onde ficava até ao ano seguinte.

Natália Sacramento passou a tradição aos dois filhos e na Quinta-Feira de Ascensão ia sempre com eles para os campos ou para o cabeço de Santa Marta. Também os três netos já têm enraizados essas tradições que a reformada defende ser muito importante preservar.

Este ano vai apanhar a espiga, como sempre, só não sabe ainda onde há-de ir. O mais provável é que seja perto de casa. Prefere o campo à cidade, onde, na sua opinião, há muita confusão.

Já foi vacinada contra a Covid-19 e está mais confiante e com esperança no futuro. No entanto, acredita que o vírus veio para ficar e não vai desaparecer tão rápido. Nunca esteve descontente com o Serviço Nacional de Saúde e defende que a pandemia veio mostrar que este é eficaz tendo colocado todos à prova e que têm cumprido a sua missão.

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